10.31.2003

O Sítio Certo
O gajo é bom. Escreve muito bem, é culto e civilizado.
É de Direita (se isso, isso e isso é ser de direita).
É politicamente incorrecto desde o tempo em que sê-lo não estava na moda.
Suscita unanimidades na blogoesfera (tinha que haver defeitos), só, só, porque os participantes dos fórums TSF não vão aos blogs (assim já está melhor).
E abriu agora ao público este sítio.
(Tinha que ser. Desculpa lá Francisco mas desta vez não dava para estar do contra)



10.30.2003

put the needle on the record

Um clone do Elvis, auto intitulado "The King" (claro!), a cantar "Come as you Are", e um cover de "Smoke on the Water" em versão cha cha cha por um germano-chileno, onde pude aperceber-me da menção a Frank Zappa na letra (já que na versão original, dada a guincharia, nunca tinha notado), são coisas que tenho estado a ouvir.
Só para:
a) Compradores compulsivos de discos;
b) Completistas dos Nirvana;
c) Peregrinos de Tupelo;
d) Admiradores de Pinochet.

Homenagem para a posteridade à Le Due Cupole Grande
A Due Cupole Grande é uma miúda que conheço, só de vista, da ginástica.
É loira, para o gordo, mais para o grande, como aquelas mammas italianas que aparecem a espreitar do balcão de um forno com uma piza gigante na mão. É muito branca, com pele de bifa e sardas. E, como o próprio nome indica, tem duas cúpulas grandes.
Embora eu conheça a Due Cupole do ginásio (só de vista, hã!. Bom...), nunca a vi a fazer ginástica. Due Cupole, quando lá está, está no restaurante, a comer, a estudar direito nos vários calhamaços de capa branca com faixa encarnada e a conversar, sempre, sempre, com pessoas diferentes.
Todos os dias me pergunto, porque razão está esta rapariga tantas vezes no ginásio se nunca faz ginástica. Ainda não tenho resposta certa, mas já especulei sobre o assunto.
Já imaginei que fosse órfã e tivesse sido adoptada pela instituição que é o ginásio. Mas não. O ginásio só tem dois anos e não há instituições só com dois anos.
Também já me ocorreu que fosse uma espécie de atractivo para a clientela masculina, uma forma de fidelização e de angariação de novos sócios. Uma daquelas ideias de marketing dirigido ao subconsciente que de vez em quando se inventam.
E, vistas as coisas, é bem capaz de ser.
Sempre que falo com os meus amigos frequentadores do ginásio, a propósito da ginástica, a Due Cupole é, invariavelmente, o único tema.

“Então, vais lá hoje?”
“Vou. Espero que a Due Cupole lá esteja.”

“Foste lá? E ela? estava?”

“Hoje estive lá. Ela estava imponente.”

“Amanhã vou lá e vou meter conversa.”

“Vim de lá agora, e ela perguntou por ti.”
“A sério?”
“Achas?!”

Mas, a coisa nem sempre corre bem. Há Dias duros em que se vai à ginástica e só se faz ginástica. Em que se passa uma hora, inteira, a dar no ferro, para depois voltar para o trabalho. Dias de ginástica pela ginástica. Dias de esforço, suor e lágrimas.
São os dias em que não vemos a Due Cupole.
Os outros, os dias em que ela está, também não são sempre iguais.
Há aqueles em que, mal começamos a descer a escadas para o balneário, lá damos com ela, no restaurante (que é por baixo das escadas) a ler os seus Abílio Neto com um prato de sopa à frente. São as visões de cima, muito, muito, favoráveis.
Há outros, em que a vemos quando saímos do vestiário a caminho da ginástica propriamente dita. São visões passageiras, por mais que se tente atrasar o inevitável.
Há, finalmente, dias de sorte, quando, a seguir a uma intensa sessão de ginástica, temos direito ao descanso do guerreiro. Uma mesa em frente à dela, um almoço inteiro para a observar, e ela sozinha, debruçada sobre as sebentas, com um ar ingénuo, pueril e levemente melancólico de quem está a tentar aprender coisas complicadas.
“Venha mais uma tarte”
“A mozarella está óptima. Vou repetir.”
“Mais dois cafés!”
“Mas ainda não bebeu este.”
“Não faz mal, traga mais um.”

10.29.2003

A propósito do Texas


Uma mulher e dois carros


Untitled (Four women looking in the same direction)
Richard Prince, 1977
Não à Constituição Francesa ! (2)
Pedro Lomba é contra a constituição e contra o referendo à constituição.
Eu também sou contra a constituição (Francesa, insisto, e não europeia).
Quanto ao referendo, tenho que ser a favor.
Atendendo ao modo consumado como esta constituição nos é apresentada, a única arma que nos resta para ser contra ela é o voto num referendo. Todas as outras só servem se forem com o objectivo de levar a esse voto, nesse referendo. È que, nesta matéria, não há buzinão que nos valha.
Não é que eu tenha grandes expectativas quanto ao resultado do referendo. Basta ver a forma como se tenta equiparar o “não” à constituição com um “não” à União Europeia, para perceber que 3/4 da campanha dos “nãos” vão ter que ser gastos a explicar a vigarice dessa ideia. No próprio artigo, o Lomba gasta algumas frases a justificar que, sendo contra a constituição, não é contra a União. Basta ver, ainda, a tentativa de agendar o referendo para o mesmo dia das eleições europeias, nas quais os principais partidos, por motivos de "realismo", vão ser forçados a fazer campanha pelo sim e, desta forma, baralhar um pouco mais o já pouco esclarecido eleitorado.
Mas, em qualquer caso, é melhor tentar do que ficar a ver, a escrever artigos, posts, abaixo assinados e bocas na televisão.
A minha esperança é o referendo. Mas não o nosso. O de outros países, mais civilizados, que não se deixarão reger por uma cartilha made in france.

10.28.2003

Não era possível vir a esquecer-me, mas hoje esqueci-me. Esqueci-me e não perdoo o esquecimento.
Bem sei que há muito tempo tento esquecer, sem qualquer sucesso.
Mas não é esquecer assim. Nem de qualquer outra forma.


Assim fico mais descansado
Grande entrevista de Jorge Sampaio na RTP (até que enfim serviço público).
Boa postura, descontracção e muito, muito, bom senso.
Foram ditas muitas coisas importantes, de forma esclarecida, com as quais quase sempre concordei e que me deixaram sinceramente bem disposto.
No entanto, quero destacar duas intervenções que, não sendo sobre assuntos fundamentais, revelaram características do Presidente que eu muito aprecio:
Primeiro, a forma extremamente bem-educada como desmentiu o fait divers "padrinho de casamento de Paulo Pedroso" (e aqui não me interessa nada o contexto em que este episódio veio à baila nem o que quer que seja do caso Pedroso), afirmando que até admite como possível mas não se recorda de nada.
Segundo, o modo simples, simplicíssimo, como ilustrou a necessidade de renovar o decrépito equipamento das forças armadas e a forma como estas, não obstante o estado desse equipamento, lá vão conseguindo cumprir as suas missões internacionais. Falando da missão na Bósnia, Jorge Sampaio, contou-nos que as chaimites apenas funcionam porque "há uns tipos habilidosos que mexem uns fios para pôr aquilo a andar" e, enquanto falava, fazia com as mãos o gesto dos tais tipos a manobrar os tais fios para desenrascar as chaimites.
Boa educação, simplicidade e, é claro, bom senso.

10.27.2003

Live real fast and die real young
Fui a correr comprá-lo logo, logo, que saiu. E de imediato o comecei a ouvir, repetidamente, no carro que é onde começo a ouvir os discos acabados de comprar e que a vontade de ouvir não permite mais demoras.
As primeiras impressões foram de desilusão e frustração. Não me parecia tão bom como aquilo que estava à espera, sendo certo que estava à espera de muito.
Alguns dias depois, algumas voltas de carro depois, eis que, à passagem dos 00m 43s da música 3, se dá a revelação: um baixo (ou será uma guitarra) apunkalhado entra a rasgar e é perseguido por uma guitarra progressivo-sentimentalona que, sob a voz em registo low-fi, se vai destacando da restante massa sonora, atingindo o apogeu aos 02m 45ss, quando irrompe num solo glorioso tipo “banda sonora para um momento em que tudo pode acontecer”.
Afinal, isto é mesmo bom!
Pois é.
"Room on Fire" não é “This is it” - um disco Bigger than life.
Mas nele sente-se a pressa de viver que só os grandes discos punk têm.
Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa apresenta, a 100 à hora, mais uma pilha de livros:
Obra poética de Odete Santos, o último Margarida Rebelo Pinto, Uma viagem ao Interior da Produção Vinícola de Fornos de Algodres, Homenagem da Câmara Municipal de Ceia a um seu Herói, qualquer coisa sobre Blogs ("eu ainda não tenho o meu Blog, você já tem o seu", pergunta ao jornalista que se mantém com ar babado a observar).
Com tantas cunhas para publicitar livros, não será justificado um pedido de demissão do Professor?
PRAXES
Há já algum tempo que queria escrever sobre as praxes e a repulsa que as mesmas me causam, ao ponto de ser das primeiras coisas que proibia, caso tivesse poder para isso.
É degradante a imagem de uma praxe académica. Desde os praxadores, vulgo drs., vestidos nas suas ridículas capas com um ar atrasado mental de quem se arrasta há anos para tirar um curso, regra geral, pago por todos nós, até aos praxados, com um ar feliz e imbecil, a sujeitarem-se cobardemente ao que lhes mandam fazer, que vai do simulacro de actos animais à mastigação de lixo e dejectos.
É deprimente, nesta altura do ano, ver as hordas de caloiros a passear pela cidade, cantando e rindo, com a cara pintada, normalmente de verde alface, sem perceberem a triste figura que fazem.
É, igualmente, deprimente que os seres que pululam nas universidades, canalizem todas as suas energias para “guerras” às propinas, fechos de salas a cadeado e tunas académicas e não haja um grupo que seja que tenha a coragem para enfrentar as praxes, impedindo-as, boicotando-as, afrontando, fisicamente se necessário, os dux veteranorums e acabando de vez com a complacência generalizada sobre este fenómeno de subdesenvolvimento.
Não à Constituição Francesa !
Obviamente que, se houver referendo, voto não.
Desde logo pelo facto de querer omitir-se do preâmbulo uma referência às raízes judaico-cristãs da Europa.
O grande perigo que adivinho para a discussão do sentido deste referendo é a tentativa que vai haver por parte dos federalistas (a todo custo) em pôr a aceitação da constituição como a única forma de aceitação da Europa, fazendo passar a ideia de que quem votar contra a constituição está a querer voltar atrás e sair da união Europeia.
Já estou a ver o dr. Soares a perguntar, demagogicamente, a um qualquer defensor do não, se quer sair da Europa e voltar ao "orgulhosamente sós".
Eu não caio nessa. Não me passa pela cabeça sair da União Europeia, nem me passa pela cabeça que aquilo que a nível logístico, económico e até político até agora se conseguiu, e que é, globalmente, positivo, seja perdido de um dia para o outro, pelo facto de chumbarmos um apressado projecto de constituição elaborado por um medíocre ex-presidente francês.
Ao contrário. O que vai dar cabo de tudo o que até agora se conseguiu é esta constituição, caso venha a ser adoptada.

10.25.2003

Bottle Up And Explode!
Bottle up and explode over and over keep the troublemaker below
Put it away and check out for the day
And in for a round of overexposure
The thing mother nature provides to get up and go
Bottle up and explode seeing the stars surrounding you
Red white and blue
You look and him like you've never known him
But i know for a fact that you have
The last time you cried who'd you think was inside?
Thinking that you were about to come over
But i'm tired now of waiting for you
You never show
Bottle up and go, if you're gonna hide it's up to you
I'm coming through
Bottle up and go, i can make it outside
I'll get though becoming you
Becoming you
Becoming you


"The king is gone but he's not forgotten"

Elliott Smith 1969 - 2003
Make Concerts, Not RGAs

Regressado da Aula Magna onde fui ver John Cale, eis o que se me oferece dizer.
A fauna era um pouco diferente do habitual, com a média de idades a rondar os thirty something.
A abrir as hostilidades, Venus in Furs numa monumental versão.
Pelo meio quase todo o último disco - Hobo Sapiens - alternando com alguns clássicos.
No final, uma alucinante sequência, onde se ouviram Chinese envoy, Paris 1919, uma música que não consegui identificar (Do Not Go Gentle Into That Good Night?) onde pairou o espirito de Neil Young com os Crazy Horse e, ponto máximo, Hallelujah.
A acabar, uma standing ovation de quase 10 minutos, totalmente ignorada por Cale, que não se dignou a voltar ao palco.
Dos concertos que vi este ano (e vi muitos), só os Massive Attack superaram. Com uma diferença: Cale é uma lenda viva.

10.23.2003

Miles + Stones # Milestones

O que é que há em comum entre Miles Davis e os Rolling Stones?
Nada. Absolutamente nada.
Em qualquer caso, Milestones é um grande disco e "Straight, No Chaser" a melhor musica.

10.22.2003

Ainda o livro de Richard Prince.
Um excerto do texto de abertura.

“I want the best copy. The only copy. The most expensive copy. I want James Joyce’s Chamber Music. I want the 1907 version, the ‘variant’, the first variant, the one with the lighter green binding, the taller trim size, laid endpapers as opposed to wove, the one with the correct folding of signature C. I want mine to be one of the advance review copies, one of 509 copies, with the publisher’s ALS t certain British man of letters tipped to the front pastedown. I want this date because know that the British Museum’s copy (destroyed during World War II) was received on May 8, and the Bodleian Library copy was received on May 11. I want the earliest copy on record. I want the copy that is rarer than anyone had previously dreamed of. I want the copy that dreams.”

American English, 2003
Há dias felizes
É já um cliché dizer que quem gosta de livros, para além de os ler, gosta de ter com eles um relação física. De lhes pegar, de olhar para as capas, compará-las, as das várias edições, dobrar os cantos das folhas, sentir a gramagem e textura do papel.
Também é comum entre os bibliófilos o gosto pela catalogação, inventando constantemente novos critérios de ordenação dos livros, tirando todos para fora das prateleiras para voltar a colocá-los, com uma nova arrumação, sob um critério na altura julgado definitivo mas que, no fundo, se sabe que nunca o é.
Outro motivo de gozo é a escolha dos livros que, a cada momento, devem merecer um especial destaque. Aqueles que ficam fora das prateleiras, em cima de mesas, com a capa virada para cima para todos verem, como se representassem um manifesto sobre aquilo que gostamos e de que nos orgulhamos de gostar. E, claro, há a mesa de cabeceira e os livros que por ela passam e os que por lá acabam por sempre ficar, como aqueles remédios para insuficientes cardíacos, prontos a socorrer qualquer ataque de insónia.
Não sei se Richard Prince (de quem já postei um excerto de um texto e faço tenções de postar muitas mais obras, principalmente quando alguém me explicar a postar fotografias) é um destes bibliófilos. Mas, depois de ter ganho o dia ao ter tido a SORTE de comprar na Fnac (é uma edição limitadíssima de 1400 exemplares, dos quais terão chegado muito poucos a Portugal) o seu último livro, chamado American English e publicado a propósito de uma exposição sua na Sadie Coles HQ de Londres, desconfio que seja.
São várias páginas de fotografias, muito rudimentares, da sua biblioteca caseira. Livros nas estantes, no chão, empilhados, no meio das tintas, dos quadros, em cima de excertos de ensaios corrigidos, à frente e atrás de fotografias. Livros de Bruce Chatwin, Helmut Newton, Don Delillo, Martin Amis, policiais, espionagem, ficção cientifica, em várias edições, que me fazem recuar no tempo ao tempo em que eu pela primeira vez as vi na biblioteca do meu Pai.

10.21.2003

Untitled
João Soares equiparou as escutas à tortura.
Não qualquer especifica escuta, mas todas e quaisquer escutas. Incluindo, e nomeadamente, as feitas ao abrigo da nossa lei. Sim, a lei que, recentemente, foi alterada pelo Governo PS, presumivelmente, em respeito pela constituição. Sim, a Constituição da República Portuguesa, onde estão previstos os direitos fundamentais. Sim, os direitos que foram consagrados pela Assembleia Constituinte. Sim, a Assembleia Constituinte eleita na sequência do 25 de Abril. Sim, o 25 de Abril, a revolução que nos deu a liberdade e nos livrou da tortura.
Não me apetece falar mais sobre isto.
Não me apetece mesmo nada.
Ok?!

10.20.2003

Time is on my Side
Um grande bem haja para a flor de obsessão e no quinto dos impérios pela simpática menção a este blog. Foi a ler blogs, como estes e outros, que eu decidi blogar.
Algumas pessoas dizem-me que não têm tempo para ler blogs, que têm muito que fazer, que "isso é para quem não trabalha", que "a internet está cheia de lixo", que “são todos uns palhaços”, etc., etc....
É verdade. Há quem não tenha tempo físico para ler blogs, porque tem que acordar às 6h para levar os putos à escola, hora e meia na bicha, picar o ponto, trabalhar, buscar os putos, hora e meia na bicha, fazer o jantar, dormir, mal e porcamente. E há quem não tem tempo mental para os ler, porque nunca tem tempo para nada, tem sempre imenso que fazer, sente-se atolado com trabalho, sente-se a naufragar, não tem mesmo tempo, nem para os blogs nem para ler livros, ir ao cinema, almoçar e outras esquisitices. Não é que não queira. É que não têm mesmo tempo.
É verdade. Há quem tenha muito "que fazer", muito trabalho, muito trabalho, "não tenho tempo para isso", "é por essas e por outras que o País não anda p'rá frente", "eu, proibia a internet (...)", "e os emails(...)", "pelo menos os com merdas de piadas (...) e os com gajas", "(...) são mais um pretexto para a malta não fazer nada", "bem! Há gajos que, de qualquer maneira, também já não fazem nada" "(...) passam o dia a coçar os tomates".
É verdade. Há quem não tenha tempo para isso porque quer gastar o precioso tempo que resta para dar muitos passeios ao ar livre, excursões gastronómicas, pelas Pousadas de Portugal, pelas esplanadas, a beber "bicas", aproveitar o dia, sem internet, que é para os urbano depressivos.
É verdade. A internet está cheia de lixo. Tem todo o lixo que o mundo tem (compactado, é certo) a somar a todo o lixo, próprio e caracteristico, que só nela se encontra.
Mas eu, com alguma vergonha confesso, tenho tempo.

10.19.2003

Ferro. O problema e a solução.
Ferro Rodrigues diz, sem nomear, que há quem queira atingir a Direcção do PS e a democracia.
Sucede que, a maior ameaça à Direcção do PS é ela própria e se há alguma coisa que se aproxima a uma "ameaça à democracia" é a interferência e pressão inadmissíveis que esta mesma Direcção do PS exerceu (para que fim ainda não sabemos ao certo) sobre o curso de um processo judicial.
Ferro tem, assim, a solução para os perigos que apregoa. Exigir a sua própria demissão e aceitá-la.

10.17.2003

Like most everybody else ...
Like most everybody else I don’t like to be broke, that means I like money. Reaching in my pocket and feeling paper gives me meaning. But if I was to gamble in London with two best friends, I’d bring along credit cards. I’d feel uncomfortable if I was to bank out of neighbourhood and was told then insisted that my personal cheque was of no value, but on the same hand, I’d feel short if I was to treat aesthetic realism friends to dinner only to find I had small change.

Like most everybody else I like to be entertained, that means I usually watch television. Prime time variety shuts me down. But when I festival with ‘new school’ friends, I get in deep with Bergman’s black and white. I’d feel funny backgrounding Friday nite poker with message and medium, but on the other hand, I’d feel silly if I visited minimal friends and brought along my baseball cards for trade.

Like most everybody else I like to feel healthy, that means I try to stay young. Plenty of C and aid keeps me fit. But when I body build at gym where everyone is veed and ‘chinned up’, I pump iron. (studio black background voices repeat ‘chinned up). I’d feel funny all day at the beach under an umbrella checking coop list, but on the other hand I’d feel self-conscious if I came for a morning meal at the farm, mirrored and oiled.

Like most everybody else I like to fall in love, that means I usually try to gain the friendship and respect of someone who can fulfill my needs. But when I’m horny and need a fuck or a blow job or both, I’ll meet someone, get complete control and tell them lies. It would get complicated if I had two lovers and I had to reject the one I wanted immediately for the one I wanted in the future, but on the same hand, I wouldn’t feel, if I saved my love for someone I really really liked and found out later they had given theirs away.
(continua)

Richard Prince - "Eleven Conversations" 1976
PUT THE NEEDLE ON THE RECORD
Acabo de ver a lista das músicas da banda sonora de Kill Bill, e a vontade de ver o filme, que já era enorme, disparou.
Não é qualquer um que se atreve a misturar NEU! (um fabuloso grupo alemão dos anos 70) com Quincy Jones, Nancy Sinatra (a filha do próprio) com o rapper RZA, ou o flautista new age Zamfir com Issac Hayes.

Nova Iorque (I)

Other Music. É uma loja de discos. Corrijo, é a melhor loja de discos do mundo. Ou antes, é a tentativa melhor conseguida de reunir num só espaço os objectos de que eu mais gosto e dentro destes os de que mais gosto mesmo.
Passo a explicar:
Fica na esquina entre a 4th St. e a Lafayette St., em plena zona tampão entre Soho, Tribeca, East e West Village, sujeita ao caldo de influências musicais dos vários bairros circundantes: O Punk vindo da Bowery e St. Marks Place, a No Wave do Lower East Side, o Jazz mais ou menos free de Greenwich.
No minúsculo hall de entrada as paredes estão cobertas de posters, postais, stickers e um sem número de papeis promovendo concertos, novos discos, job opportunities, anúncios de band member wanted.
Passando os alarmes (porque aqui a frequência é boa mas a tentação é muita), entra-se num espaço onde, dadas as diminutas dimensões, tudo é aproveitado, com escaparates de CDs a toda a volta e no meio, e paredes literalmente forradas de LPs.
Por onde começar?
São 8 as categorias que procuram dar alguma ordem ao caos:In, Out, Electrónica, La Decadense, Groove, Psychadelia, Krautrock e Then. Nestas, está praticamente tudo o que interessa dentro daquilo que é editado em disco. Muito, mas mesmo muito, resumidamente: O melhor do Indie, Punk, Garage e Lo-Fi (In), como PIL, Strokes e Pavement, entre outros; os inclassificáveis Mestres de culto, como Sun Ra, Derek Bailey, John Zorn (Out, definitivamente out); as melhores compilações de Trip-Hop, House, Tecno e da next (and now) big thing chamada Electroclash; os nomes incontornáveis da Soul, Hi-Hop e Funk, de Gil Scott Heron a Sly Stone, de Funkadalic a De la Soul (tudo groove); Dub, Ska e Reggea, com King Tuby, Sly and Robbie e Lee Perry (ainda groove) à cabeça; o psicadelismo de excelância de Captain Beefhart aos Silver Apples, passando por Pink Floyd (só do bom) e Soft Machine (Psychadelia); uma secção (La Decadense) aparentemente sem nexo, mas que acaba por resultar óbvia, onde se encontram lado a lado Serge Gainsbourg, Divine Comedy, Scott Walker, Caetano Veloso (a melhor loja tem que ter o melhor de todos) e todos os Tropicalistas; as várias correntes do Krautrock lideradas pelos Kraftwerk (Krautrock electrónico), Ammön Dull (Krautrock Psicadélico) e Can (Krautrock progressivo): e, last but not least, os clássicos que em qualquer loja do mundo têm lugar cativo: Brian Eno, Neil Young, Leonard Choen.... Nos escaparates de 2ª mão ainda é possível encontrar Stones, Bowie e Beatles, o que só fica bem para contrariar a tendência politicamente correcta de quem gosta de outras músicas em menosprezá-los.
Perante isto, só faltam mesmo os Abba!
Qualquer discófilo que se preze tem um sonho recorrente no qual se depara sozinho numa loja de discos durante a noite. Aí, apercebe-se que pode levar tudo aquilo que quiser, pois não há ninguém para o impedir e a única limitação ao açambarcamento é a imposta pela sua capacidade física para transportar os discos. O sonho fatalmente acaba com os discos a escorregarem das mãos e o despertador a tocar.
Entrar na Other Music é a mais aproximada realização desse sonho, com a vantagem de à saída os discos continuarem connosco e, na pior das hipóteses, apenas o alarme tocar.

10.16.2003

RTPetas
A RTP vai dedicar uma série de programas aos 25 anos do Papa. Até aqui tudo bem.
A coisa só começa a correr mal, quando, no anúncio de uma entrevista ao Cardeal de Lisboa, são lançadas por uma voz off as seguintes ideias:
"(o Cardeal) ... vai falar-nos dos novos pecados sociais (...) da corrupção e da fuga aos impostos (...)" rematando com a pergunta retórica "estará a Igreja a virar à esquerda?".
Com esta questão, a RTP, de uma forma não tão subliminar como pode parecer, acusa, pelo menos, metade daqueles que financiam a sua existência de, no mínimo, não se importarem o que quer que seja com a corrupção ou com a fuga ao fisco.
Ao atribuir o exclusivo da preocupação e combate a estes dois fenómenos à esquerda, a RTP (voluntariamente ou negligentemente por permitir que um qualquer idiota faça estes textos sem que sejam revistos) está, directamente, a afirmar que quem não é de esquerda não tem preocupações destas e não se incomoda em viver no meio da corrupção e da fuga aos impostos. De outro modo, como seria possível a Igreja vir alertar para estes "pecados sociais" sem que antes se tivesse convertido à esquerda.
Num qualquer jornal ou televisão privada, este tipo de afirmação, não sendo de estranhar, não era razão para “postar”.
Na RTP, canal pago por todos, de esquerda, de direita e já agora do centro e de nada, não é admissível.
É assim que as mentiras, de tantas vezes repetidas, passam a ser tomadas por verdades.
Pelos parvos, claro.

10.15.2003

Time Out
A Time deu-nos a honra de dedicar uma primeira página a Portugal. E qual foi o tema que a Time escolheu?
A peidofilia? Os incêndios? A crise do Benfica? Os estádios do Euro? Termos voltado a ser um país com verão metade do ano?
Não. Nada mais do que as alternadeiras de Bragança.
É perfeitamente ridículo o destaque que a Time dá a este assunto, só suplantado pelo ainda mais ridículo título de "Europe's New Red Light District".
Era como se o Expresso considerasse o filme "The Best Little Whorehouse in Texas" como o mais representativo do cinema americano ou o Diário de Notícias elegesse Lorena Bobitt a figura do ano.
Para agravar este quadro de miséria, as televisões portuguesas, tratando a Time com uma reverência saloia, puxaram "o acontecimento" para abertura dos telejornais.
Se não me engano, Bragança é uma cidade fantástica, com um planeamento urbano exemplar levado a cabo pelo antigo Presidente da Câmara José Gama, que merece ser tratada de outra forma.
É certo que tem algumas mães medonhas, com bigode, que não se lavam e, assim, afugentam os maridos para as putas.
Mas qual é o sítio do mundo que não as tem?

10.14.2003

Wrong Way Up
Sobre um fundo electrónico ouve-se uma batida seca e sincopada. Alguns segundos depois entra a voz ressonante e levemente deprimida:
"It’s midnight and our silver tongued obsessions come
At us out of the dark
Scrambling to be recognised before
Tearing themselves apart"

Não, não são os Joy Divison. É o novo disco de John Cale que acaba de ser lançado sob o título Hobo Sapiens.
Depois de vários anos a editar bizarrias como bandas sonoras para filmes obscuros, peças de teatro inexistentes e bailados minimalistas, John Cale aparece com um disco potente, a meio caminho entre a nostalgia pastoral de Paris 1919 e a angústia de Music for a New Society, cheio de samplers, loops e outros efeitos electrónicos e com uma capa a fazer lembrar um clássico da artista plástica portuguesa Helena Almeida (Tela Habitada de 1976).
Desconfio que Hobo Sapiens não virá a ser tão bom como os discos que acima mencionei, sem estar certo, já que dos bons discos só se começa verdadeiramente a gostar depois de muitas audições e este eu só ouvi uma vez. Mas tenho a certeza que ao vivo John Cale é ainda melhor do que gravado, como provam o mítico concerto de há uns anos no Tivoli e aquele que é um dos melhores discos live Fragments of a Rainy Season.
Para os que têm estas provas e para todos os que as querem ter, aí estão dois concertos na Aula Magna nos dias 25 e 26 deste mês.

10.10.2003

TAIPEI
Barracas. Não daquelas dos pobres. Das de madeira nova com vários andares e materiais de boa qualidade. Árvores, muitas, muitas árvores entre as barracas e os prédios. Prédios, quadrados com 6/7 andares e com anexos pendurados nas janelas tipo gaiolas.
“Porquê? Porque já não há espaço para construir mais casas e as famílias não param de crescer”
O Hotel é de luxo asiático, versão novo-rico, com muitos mármores e muitos doirados e um lobby gigante. È central e de lá dá para ir a pé para a rua principal.
11h48m10s o sinal em frente ao hotel está encarnado. Pára um táxi e logo de seguida pára uma mota.
11h48m30s mais 10 motas seguidas de mais 30.
11h48m45s estão mais de cinquenta motas paradas na primeira linha do sinal. A poluição é insuportável e, por isso, todos os motards têm máscaras daquelas que se usa para a pneumonia atípica.
Na avenida principal a iluminação é de neons e as lojas são as mesmas de todas as avenidas principais de todas as cidades que são cidades principais.
Nova saída do hotel.
“Estou a pensar em ir a uma loja de discos muito boa que há aqui”
“Onde é que é?” “Deixa-me ver no mapa” “é do outro lado da cidade!”
“Não faz mal. Há táxis”
“Mas não sabemos dizer isto em chinês”
“Aponta-se no mapa”
A cidade, de facto, é gigantesca. Nunca mais se chega a lado nenhum e o trânsito é caótico. Passa-se por vários night markets e a tal loja de discos está fechada.
Num night market vêm-se aquários do género dos que há nas marisqueiras, só que, em vez de santolas e lagostas, têm peixes exóticos de cores florescentes que não se imaginam comestíveis mas são. Atrás de umas cortinas percebe-se que está a haver uma luta de cães, pois, para além dos ladrares furiosos houvem-se gritos selváticos dos apostadores. Mais à frente, estão várias cobras vivas penduradas pelo rabo numa corda.
“O que é isto?”
Um chinês corta a cobra pendurada de alto a baixo e deixa escorrer o sangue para um copo. Um outro chinês paga ao primeiro chinês e bebe o sangue da cobra.
“diz que dá tusa” "É..." “E, a primeira coisa que uns portugueses fizeram quando vieram trabalhar para cá, para o estaleiro de Kaohsiung (um dos maiores portos do mundo), foi vir aqui beber uns copos de sangue” “É típico não é?”
Ainda no night market, há bancas de comida por todo o lado, ao lado de bidons de óleo que servem de fogão. O que mais se vende são uns polvos secos e espalmados pendurados num espaldar.
Dos bidons/fogão sai um cheiro nauseabundo, a uma qualquer especiaria que eles usam em tudo, na comida da ruas e na dos melhores restaurantes. É mesmo, mas mesmo, preciso tapar o nariz.
“Estou farto desta comida! Sabe toda a esta horrível especiaria” “hoje vou comer um hamburger”
Em todos os snacks dos hotéis há hambugers e club sandwich.
Vem o hamburger.
“Merda! Também sabe àquilo”

10.08.2003

LAMENTÁVEL
É o mínimo que se pode dizer das demissões dos Ministros do Ensino Superior e Negócios Estrangeiros.
Se a do primeiro ainda se concebe, por haver dúvidas quanto à legalidade (não para mim, que é legal) do despacho, por haver pouco cuidado na forma como despachou e, sobretudo, por, na sequência das anteriores razões, ficar numa posição admissivelmente frágil, susceptível de prejudicar a sua acção, a demissão do segundo é totalmente disparatada.
O Ministro Martins da Cruz garantiu na AR, sob palavra de honra, que não havia feito o que quer que fosse para influenciar o despacho do requerimento feito pela sua filha. Logo, não havendo provas do contrário, tem que se aceitar o que o Ministro disse como verdadeiro.
Por outro lado, é normal que a maioria dos media e da oposição especule e insinue outros cenários. Bem ou mal, é esse o seu papel.
E qual é, num caso destes, o papel que devem ter aqueles que apoiam este governo?
Um eleitor informado deste governo que assiste à afirmação demagógica de um membro do PS de que (e não sei se foi exactamente assim, mas é este o sentido) "a cimeira europeia não suspende a democracia" (como se a democracia fosse um Ministro demitir-se sempre que a oposição tal exige) e ao discurso do Secretário-geral do PS, no qual este acusa o Ministro do NE de não ser solidário com Ministro do ES, (por não se demitir também?!), não deve deixar-se impressionar e, regra geral, não deixa.
Consciente da "inocência" do Ministro, este eleitor sabe que é normal estas coisas serem ditas e é normal que (neste contexto) não sejam para levar a sério.
Mas, quando esse mesmo eleitor informado se apercebe que, afinal, tais pregões eram mesmo consequentes, que a cimeira europeia suspendeu mesmo "a democracia" e que as exigências de demissão da oposição são para serem sempre atendidas, ele só pode sentir-se decepcionado.
Decepcionado por ver inconsistência e fraqueza naqueles em quem votou e por ter perdido tempo a tentar defender aquilo que, afinal, não era para defender.
Ao contrário do que ultimamente se tenta fazer crer, nem sempre a demissão de um Ministro é um “acto digno” que “todos devemos respeitar”. Por vezes é um disparate que só prejudica o País.

10.07.2003

Blaufuks

Descobri na internet o novo trabalho de Daniel Blaufuks. É, simplesmente, fabuloso!
Uma serie de fotografias retratando vários locais, uns mais banais que outros, uns mais identificáveis que outros, uns mais urbanos, outros menos. As fotografias são numa côr pálida, datada, mas simultaneamente atractiva por ser vintage, anos 60/70. Parecem ser fotografias de fotografias. Em cima de cada uma está uma frase curta e telegráfica, daquelas que se escrevem nos postais, a dizer banalidades das que se dizem quando se escreve para alguém a meio de uma viagem.
Quando vi esta série, lembrei-me imediatamente dos Boring Postcards de Martin Parr. Só que aqui, os postais estão completos, imagem em baixo, texto em cima, mesmo sem que, aparentemente, haja qualquer correspondência entre as frases e as imagens sobre as quais estão inscritas (o que torna tudo ainda melhor).
Um exemplo:
Here we are in St-Trop!
Heavenly weather.
There´s a hole gang of us. Perfect!
Love.

Muito bom!

10.06.2003

miragem

A boa notícia é que o concerto de João Gilberto foi novamente cancelado. A má é que, desta, parece que é de vez, já que não vai ser agendado para qualquer outra data.
A possibilidade de assistir ao vivo a um concerto de João Gilberto surgiu como uma miragem, tal a pouca frequência com que este se digna dar concertos. Miragem maior se pensarmos que o concerto era produzido (seja lá o que isso quer dizer) por Caetano Veloso, a par de João Gilberto, o maior génio vivo (ou morto) da MPB.
E não é que a miragem, de sentido figurado passou a miragem real, com o concerto a ser primeiro adiado para nova data e depois cancelado e "adiado" para data nenhuma.
Com tanta expectativa criada, neste País onde qualquer coisa confere o "direito à indignação", será caso para pedir uma indemnização. Ou, quiçá, a demissão de um Ministro.

nabinho

Neste fim-de-semana, visitei a galeria Lisboa 20 Arte Contemporânea dirigida por Miguel Nabinho.
A galeria, com menos de um ano de idade, apresenta já um espólio muito interessante, do qual constam, ao lado de alguns consagrados (Jorge Molder, Pedro Proença, Ana Jotta), novos nomes que prometem.
Miguel Nabinho está de parabéns: não só apresenta uma galeria estimulante in loco, como teve o cuidado de conceber aquele que considero o melhor site de galerias português, para a divulgar. Design sóbrio e/mas excelente, facilidade de navegação, informação qb, e, sobretudo, uma amostra reveladora do espólio, capaz de convencer o internauta (que se interessa por arte moderna, obviamente) mais caseiro a levantar-se da cadeira e visitar a galeria para ver as obras ao vivo. A acrescer a tudo isto, ainda tem um blog associado.
Pena é que outras galerias, inclusive com maior obrigação, não invistam quase nada para ter um site minimamente decente.

10.05.2003

What does this represent

Dos mais interessantes livros sobre arte, destaco "conceptual art" (Tony Godfrey. Phaidon). É uma historia da arte conceptual desde o seu início, com Marcel Duchamp, até aos dias de hoje, onde ela prolifera. Foi aí que descobri a obra "What does this represent? What do you represent?", que sintetiza todo o conceito de arte conceptual e da qual tirei o nome desta coisa. Numa fotografia a preto e branco, vê-se uma mulher nua sentada no canto de um quarto. A mulher é monstra e o seu corpo desagradável. No chão, em frente a ela, vêm-se várias armas de brinquedo, como pistolas e metralhadoras, e mickeys de plástico. Inscritas em letras pretas, na parte de baixo da fotografia, lêm-se as frases "what does this represent. What do you represent".
Como todos já pudemos constatar, a mais frequente questão que a arte conceptual provoca no público é: "o que é que isto significa?!", entoada com um misto de confusão e indignação, como se quem a faz estivesse a ser enganado. Esta obra antecipa-se a essa inevitável questão do público e contra-ataca com outra: "o que é que tu representas".
Às vezes, a arte conceptual representa qualquer coisa facilmente decifrável, outras vezes dá pistas para aquilo que pode representar, permitindo várias leituras, outras, ainda, não representa nada, senão um objecto que, colocado num determinado contexto, se convenciona chamar de arte.
Às vezes, é melhor não fazermos certas perguntas, sob pena de revelarmos com elas a nossa profunda ignorância.

10.04.2003

Hoje tomei uma decisão acertada

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