Nova Iorque (I)
Other Music. É uma loja de discos. Corrijo, é a melhor loja de discos do mundo. Ou antes, é a tentativa melhor conseguida de reunir num só espaço os objectos de que eu mais gosto e dentro destes os de que mais gosto mesmo.
Passo a explicar:
Fica na esquina entre a 4th St. e a Lafayette St., em plena zona tampão entre Soho, Tribeca, East e West Village, sujeita ao caldo de influências musicais dos vários bairros circundantes: O Punk vindo da Bowery e St. Marks Place, a No Wave do Lower East Side, o Jazz mais ou menos free de Greenwich.
No minúsculo hall de entrada as paredes estão cobertas de posters, postais, stickers e um sem número de papeis promovendo concertos, novos discos, job opportunities, anúncios de band member wanted.
Passando os alarmes (porque aqui a frequência é boa mas a tentação é muita), entra-se num espaço onde, dadas as diminutas dimensões, tudo é aproveitado, com escaparates de CDs a toda a volta e no meio, e paredes literalmente forradas de LPs.
Por onde começar?
São 8 as categorias que procuram dar alguma ordem ao caos:In, Out, Electrónica, La Decadense, Groove, Psychadelia, Krautrock e Then. Nestas, está praticamente tudo o que interessa dentro daquilo que é editado em disco. Muito, mas mesmo muito, resumidamente: O melhor do Indie, Punk, Garage e Lo-Fi (In), como PIL, Strokes e Pavement, entre outros; os inclassificáveis Mestres de culto, como Sun Ra, Derek Bailey, John Zorn (Out, definitivamente out); as melhores compilações de Trip-Hop, House, Tecno e da next (and now) big thing chamada Electroclash; os nomes incontornáveis da Soul, Hi-Hop e Funk, de Gil Scott Heron a Sly Stone, de Funkadalic a De la Soul (tudo groove); Dub, Ska e Reggea, com King Tuby, Sly and Robbie e Lee Perry (ainda groove) à cabeça; o psicadelismo de excelância de Captain Beefhart aos Silver Apples, passando por Pink Floyd (só do bom) e Soft Machine (Psychadelia); uma secção (La Decadense) aparentemente sem nexo, mas que acaba por resultar óbvia, onde se encontram lado a lado Serge Gainsbourg, Divine Comedy, Scott Walker, Caetano Veloso (a melhor loja tem que ter o melhor de todos) e todos os Tropicalistas; as várias correntes do Krautrock lideradas pelos Kraftwerk (Krautrock electrónico), Ammön Dull (Krautrock Psicadélico) e Can (Krautrock progressivo): e, last but not least, os clássicos que em qualquer loja do mundo têm lugar cativo: Brian Eno, Neil Young, Leonard Choen.... Nos escaparates de 2ª mão ainda é possível encontrar Stones, Bowie e Beatles, o que só fica bem para contrariar a tendência politicamente correcta de quem gosta de outras músicas em menosprezá-los.
Perante isto, só faltam mesmo os Abba!
Qualquer discófilo que se preze tem um sonho recorrente no qual se depara sozinho numa loja de discos durante a noite. Aí, apercebe-se que pode levar tudo aquilo que quiser, pois não há ninguém para o impedir e a única limitação ao açambarcamento é a imposta pela sua capacidade física para transportar os discos. O sonho fatalmente acaba com os discos a escorregarem das mãos e o despertador a tocar.
Entrar na Other Music é a mais aproximada realização desse sonho, com a vantagem de à saída os discos continuarem connosco e, na pior das hipóteses, apenas o alarme tocar.
Passo a explicar:
Fica na esquina entre a 4th St. e a Lafayette St., em plena zona tampão entre Soho, Tribeca, East e West Village, sujeita ao caldo de influências musicais dos vários bairros circundantes: O Punk vindo da Bowery e St. Marks Place, a No Wave do Lower East Side, o Jazz mais ou menos free de Greenwich.
No minúsculo hall de entrada as paredes estão cobertas de posters, postais, stickers e um sem número de papeis promovendo concertos, novos discos, job opportunities, anúncios de band member wanted.
Passando os alarmes (porque aqui a frequência é boa mas a tentação é muita), entra-se num espaço onde, dadas as diminutas dimensões, tudo é aproveitado, com escaparates de CDs a toda a volta e no meio, e paredes literalmente forradas de LPs.
Por onde começar?
São 8 as categorias que procuram dar alguma ordem ao caos:In, Out, Electrónica, La Decadense, Groove, Psychadelia, Krautrock e Then. Nestas, está praticamente tudo o que interessa dentro daquilo que é editado em disco. Muito, mas mesmo muito, resumidamente: O melhor do Indie, Punk, Garage e Lo-Fi (In), como PIL, Strokes e Pavement, entre outros; os inclassificáveis Mestres de culto, como Sun Ra, Derek Bailey, John Zorn (Out, definitivamente out); as melhores compilações de Trip-Hop, House, Tecno e da next (and now) big thing chamada Electroclash; os nomes incontornáveis da Soul, Hi-Hop e Funk, de Gil Scott Heron a Sly Stone, de Funkadalic a De la Soul (tudo groove); Dub, Ska e Reggea, com King Tuby, Sly and Robbie e Lee Perry (ainda groove) à cabeça; o psicadelismo de excelância de Captain Beefhart aos Silver Apples, passando por Pink Floyd (só do bom) e Soft Machine (Psychadelia); uma secção (La Decadense) aparentemente sem nexo, mas que acaba por resultar óbvia, onde se encontram lado a lado Serge Gainsbourg, Divine Comedy, Scott Walker, Caetano Veloso (a melhor loja tem que ter o melhor de todos) e todos os Tropicalistas; as várias correntes do Krautrock lideradas pelos Kraftwerk (Krautrock electrónico), Ammön Dull (Krautrock Psicadélico) e Can (Krautrock progressivo): e, last but not least, os clássicos que em qualquer loja do mundo têm lugar cativo: Brian Eno, Neil Young, Leonard Choen.... Nos escaparates de 2ª mão ainda é possível encontrar Stones, Bowie e Beatles, o que só fica bem para contrariar a tendência politicamente correcta de quem gosta de outras músicas em menosprezá-los.
Perante isto, só faltam mesmo os Abba!
Qualquer discófilo que se preze tem um sonho recorrente no qual se depara sozinho numa loja de discos durante a noite. Aí, apercebe-se que pode levar tudo aquilo que quiser, pois não há ninguém para o impedir e a única limitação ao açambarcamento é a imposta pela sua capacidade física para transportar os discos. O sonho fatalmente acaba com os discos a escorregarem das mãos e o despertador a tocar.
Entrar na Other Music é a mais aproximada realização desse sonho, com a vantagem de à saída os discos continuarem connosco e, na pior das hipóteses, apenas o alarme tocar.
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