10.14.2003

Wrong Way Up
Sobre um fundo electrónico ouve-se uma batida seca e sincopada. Alguns segundos depois entra a voz ressonante e levemente deprimida:
"It’s midnight and our silver tongued obsessions come
At us out of the dark
Scrambling to be recognised before
Tearing themselves apart"

Não, não são os Joy Divison. É o novo disco de John Cale que acaba de ser lançado sob o título Hobo Sapiens.
Depois de vários anos a editar bizarrias como bandas sonoras para filmes obscuros, peças de teatro inexistentes e bailados minimalistas, John Cale aparece com um disco potente, a meio caminho entre a nostalgia pastoral de Paris 1919 e a angústia de Music for a New Society, cheio de samplers, loops e outros efeitos electrónicos e com uma capa a fazer lembrar um clássico da artista plástica portuguesa Helena Almeida (Tela Habitada de 1976).
Desconfio que Hobo Sapiens não virá a ser tão bom como os discos que acima mencionei, sem estar certo, já que dos bons discos só se começa verdadeiramente a gostar depois de muitas audições e este eu só ouvi uma vez. Mas tenho a certeza que ao vivo John Cale é ainda melhor do que gravado, como provam o mítico concerto de há uns anos no Tivoli e aquele que é um dos melhores discos live Fragments of a Rainy Season.
Para os que têm estas provas e para todos os que as querem ter, aí estão dois concertos na Aula Magna nos dias 25 e 26 deste mês.
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