12.31.2005

2005 (mais discalhada)

Reedições, compilações, antigas gravações nunca editadas:

DJ Shadow, Endtroducing ...
John Coltrane, One Down, One Up - Live at the Half Note
Patti Smith, Horses/Horses
Brian Eno/John Cale, Wrong Way Up
The Glimmers, All Tracks Compiled, Mixed, Edited and Ph#ckud Up By ...











V/A, Optimo Present Psych Out
June Tabor, Always
The Fall, The Complete Peel Sessions 1978-2004
V/A, The Sexual Life of the Savages: Underground Post-Punk From Sao Paulo
Sonny Sharrock, Black Woman
Nick Cave, B-Sides and Rarities
V/A, Can You Jack? Chicago Acid and the Experimental House 1985-95
V/A, Trojan Dub Massive, Chapter One
Forest, Forest

2005 (discos)

Pop:

LCD Soudsystem, LCD Soundsystem
Fat Freddys Drop, Based on a True Story
Flanger, Spirituals
Brian Eno, Another Day on Earth
Annimal Collective, Feels
Matt Sweeney/Bonnie 'Prince' Billy, Superwolf
Lightning Bolt, Hypermagic Mountain
George Clinton, How Late do U Have 2BB4UR Absent?
Anthony and the Johnsons, I am a Bird Now
Gorillaz, Demon Days

12.30.2005

2005 (Space is the place)


Se, no cinema, 2005 foi o ano da redescoberta de Paul Schrader (indispensável a leitura de Schrader on Schrader, 1990, Faber & Faber), na música 2005 foi o ano da descoberta de Sun Ra. Já há alguns anos que era imensa a vontade de mergulhar na monumental obra deste visionário no mais exacto sentido da palavra. Nascido Herman Poole Blount, no Alabama de 1914, cedo se apercebeu que não era deste planeta e reclamou a descendência de Saturno. Os títulos dos seus discos não podem ser mais sugestivos: Super-Sonic Jazz, The Futuristic Sounds of Sun Ra, Angels and Demons at Play, When Sun Comes Out, The Heliocentric Worlds of Sun Ra, Art Forms of Dimensions Tomorrow, Visits Planet Earth, Outer Space Employment Agency, Love in Outer Space, The Magic City, Cosmic Tones for Mental Therapy, Holiday for Soul Dance, Space is the Place, Concert for the Comet Kohoutek , Strange Celestial Road … Remetem para as mais remotas paragens siderais. Mas a música neles contida – quase sempre orquestral, quase sempre brilhante – deve muito a Duke Ellington. Um conhecido terráqueo que bem podia ser o seu irmão mais velho.

2005 (um ano de take away)

Os melhores: Go Natural (entre outros sítios, Atrium Saldanha) e Tun Fon (Chinês na Luciano Cordeiro). Aos respectivos cozinheiros, o meu obrigado.

2005 (poprock)


Resumir uma generosa educação musical num disco ainda que duplo é tarefa só ao alcance dos melhores. LCD Soundsystem, apesar do hype, é o grande disco de 2005. Há quem se oponha dizendo, entre outras coisas, que é música de dança. A esses pergunto: o que é que significa isso da “música de dança”? Música que só se pode ouvir dançando? Música que põe quem a ouve a dançar? Música para arrumar nas prateleiras de “música de dança”? Música menor por natureza? Pum pum pum? E contra argumento: não e não. Não só a “música de dança” não é uma categoria dentro da pop– há N músicas de dança –, como LCD Soundsystem não é música de dança. Ou antes, é isso e muito mais. Ouve-se tão bem a abanar a cachimónia numa pista (lá está) de dança, como de pijama vestido a ler as aventuras de Maria Filomena Mónica.
LCD é um disco com várias leituras possíveis. Uma primeira, mais imediata, para os curiosos que acham que a música pop nasceu com os Smiths e os Joy Division, poderá não deslumbrar completamente. Mas aí o problema é daqueles que acham que a música pop nasceu com os Smiths e os Joy Division. E uma outra para iniciados, que ouviram, ouvem e gostam de ouvir as músicas que James Murphy ouviu, ouve e gosta de ouvir. Estou a falar de Brian Eno; de Talking Heads circa 1980; de The Fall; do punk nova iorquino – o original, é bom não esquecer –; do estúdio jamaicano onde bateria e baixo foram tratados como em nenhum outro lado; de extraordinárias e obscuras bandas nascidas nas mais ordinárias garagens da América.
A música pop é, por excelência, uma criação americana. E é, acima de tudo, ritmo, batida, cadência. Como disse Art Blakey, “the drum is the most important instrument”. Sem a imposição das precursões africanas às melodias dos madrigais que viajaram do velho Continente para o Novo Mundo, a pop nunca teria nascido. E a pop é também repetição, reciclagem, reapreciação da matéria dada. E culto exacerbado de heróis. Dos que passam e dos que ficam. LCD Soundsystem é exactamente isso: ritmos vigorosos, revisitação da memória, evocação de quem mais nos marcou. Uma homenagem a um passado pop, com alguma nostalgia, mas com a certeza a cada segundo de que uma vez pop, pop toda a vida. Fresco, portanto, em qualquer altura.

12.28.2005

2005 (projectos para 2006)

Fazer prevalecer a estética sobre a semiética. Mas nunca sobre a ética.

12.27.2005

2005 (um ano para não esquecer)

2005 foi o ano em que o iPod pegou de vez. Coincidência ou talvez não, foi também o ano em que a minha colecção de discos revelou maior utilidade.

2005, antes e depois

Devo à RTP (1 e 2), ao João Benard da Costa e ao Leonard Maltin, a primeira parte da minha formação cinéfila. Aos senhores que inventaram o DVD, devo a segunda. Só o resto, o que sobra, devo aos cinemas. Salas escuras com ecrãs grandes, se é que me faço entender.

2005/2006

O melhor filme não visto de 2005 é A History of Violence.

2005 (Bergman)

Saraband é um caso à parte. Numa altura em que a ideia do melhor cinema começa a dissipar-se, é natural que o último filme de Bergman apareça como uma obra-prima. Mas bastará ver a primeira meia hora de Fanny e Alexander para se perceber o relativismo que este tipo de avaliações (quase) sempre implica.

2005 (Jarmush + Jarmush)

De Jim Jarmush, para além de Broken Flowers (médio bom), há ainda a assinalar em 2005 a edição especialíssima de Down by Law. Mais do que em doçaria da época ou bilhetes para jogos de bola deploráveis, o dinheiro deve ser gasto em coisas destas.

2005 (Paul Schrader)

Nem Jim Jarmush, nem Wes Anderson, muito menos Gus Van Sant. O grande realizador do (meu) ano é Paul Schrader. Depois de ver e/ou rever praticamente toda a sua obra (incluindo a prequela do Exorcista), confirmo o que já suspeitava: Schrader é um dos grandes autores de sempre.

Bilhete de identidade

O que Maria Filomena Mónica não contou, mas podia ter contado, é que a classe que frequentou enquanto adolescente e mulherzinha era, de longe, a mais liberal do Portugal de então. Não muito menos do que aquilo que agora é. No que respeita a costumes, as outras classes - dos pobres, dos agricultores comunistas, da burguesia média média e média baixa - eram bem mais fechadas e conservadoras. Verdadeiramente digno de admiração foi ser progressista e rebelde nestes meios mais agrestes. O resto é um muito agradável radicalismo chique para consumo doméstico.

12.26.2005

Pensamento da quadra

O (este) Natal cada vez interessa menos àqueles a quem o menino Jesus interessa mais.

RIP


Derek Bailey 1930-2005

12.20.2005

Ideia entediante do dia

Uma série de debates entre Judite de Sousa e José Alberto Carvalho moderados por Mário Soares.

10 debates depois

Quatro candidatos de esquerda e um que não é de coisa nenhuma mas tenta fazer de conta que é de "centro-esquerda".

12.18.2005

12.15.2005

Hoje no Frágil, Bairro Alto


(com música de Peaches a Pixies)

12.14.2005

Ainda faltam (pelo menos) 49 dias

Sou contra a dissolução da assembleia, mas a favor da dissolução da república.

Soares é fixe

"Estamos para aqui a dizer umas coisas que não passam de banalidades"

12.12.2005

Subliminaridades de eficácia duvidosa

Por estes dias, as lojas Singer exibem um reclame onde aparece uma mãe Natal loira, boa e com um ar levemente ordinário, como aliás é apanágio da figura. A expectativa dos anunciantes é de que os homens, logo a seguir a vê-lo, se sintam impelidos a acompanhar as suas senhoras às ditas lojas para auxiliá-las na escolha de uma torradeira e/ou máquina de costura. Duvido, porém, que tal suceda. Os homens, por mais primários, percebem que das lojas Singer não trazem nada senão prestações para pagar. Vai daí mudam de canal. Para o Vénus, onde uma outra mãe Natal já se encontra em avançado estado de laboração.

Ética camal

Olho por olho, fellatio por cunnilingus.

12.10.2005

Febre de Sábado à tarde

Trinta e nove e meio.

Cenas de uma vida muito pouco conjugal

Ela - Me ame
Ele - Mame-me

12.05.2005

Estamos a ficar velhos


Foi há vinte anos

E Constant Gardner ...

... Apesar dos pesares, é mesmo um óptimo filme. O realizador (brasileiro?!) consegue recriar os ares pós guerra-fria de John Le Carré, os actores vão todos muito bem e há inúmeras magníficas imagens aéreas dos grandes lagos do Quénia.

Thrillers – uma fraqueza cá de casa

Constant Gardner - o filme - e The Interpreter, vistos por acaso de enfiada, seriam bons filmes não fosse o caso de revelarem uma crença quase freitasamaralesca na irrealpolitik das organizações internacionais.

Neste Natal

Não quero: (1) discos da Diane Krall, (2) "uma coisa lá para casa", (3) o livro da Maria Filomena Mónica. Sobre "betas dos anos 60", já chegam alguns programas familiares.

2005

Portugal é um país de modas. Primeiro foi a picanha, a seguir o porco preto, depois o sushi e agora, de repente, toda a gente enche a boca com liberalismo.

Uma questão lateral e ultrapassada

Entre padres heterossexuais praticantes e padres homossexuais não praticantes, opto pelos primeiros.

12.01.2005

Tarefa do dia

Limpar a caixa de mensagens do telemóvel e ver a vida, literalmente cronologicamente, a andar para trás.

Em 2005, acabaram-se as idas à fnac

Primeiro, porque é Natal. Depois porque, à laia de quem quer impingir o objecto ao pagode, passa em modo repeat um dvd do Abrunhosa.
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