9.29.2005
9.24.2005
Viver em Lisboa é bom
Sábado. Onze e meia da manhã. Depois de dez horas de sono ininterrupto, acordo para comprovar que este Outono tem os melhores dias de Primavera. Saio para a rua e atravesso o Bairro Alto em passo largo, mas pacífico, por entre os destroços da noite anterior. Cheiro a álcool entornado pelo chão. Lojas fechadas. Ruas vazias. Onde, porém, é possível ouvir algumas conversas de varanda para varanda. E pássaros.
A caminho das escadinhas do Duque, cruzo-me com uma enorme sex shop, instalada junto ao Largo do Cauteleiro. Não paro. O vinil que procuro é outro. Na Discolecção, uma das poucas tentações lisboetas para coleccionadores de discos, demoro-me a vasculhar. Peço para ouvir - e ouço do princípio ao fim - Tauhid de Pharoah Sanders e a fabulosa música que é Upper Egypt and Lower Egypt. No fim, trago-o comigo. Não há por que resistir.
Já com a jornalada na mão - a do dia e outra antiga ainda por ler - avanço sobre uma esplanada que recentemente abriu no miradouro de Santa Catarina. Os queques de azeitona e alho francês não são tão bons como o título faria supor. Mas isso não interessa por aí além, já que, enquanto os vou digerindo, me deleito com aquilo que me é dado a ler: uma nota do João Pereira Coutinho sobre Gore Vidal; uma crítica do Ricardo Saló, como sempre, para iniciados; uma reportagem, em rewind, do João Gobern sobre New Orleans (DNA da semana passada). Esta última, é daquelas que vale a pena recortar e guardar. Ao fundo, o rio brilha. À volta, a frequência também. E eu vou ficando.
De regresso a casa, ponho a tocar o one hit wonder William DeVaughn. Be thankful for what you’ve got - é o que me ocorre nestas alturas.
A caminho das escadinhas do Duque, cruzo-me com uma enorme sex shop, instalada junto ao Largo do Cauteleiro. Não paro. O vinil que procuro é outro. Na Discolecção, uma das poucas tentações lisboetas para coleccionadores de discos, demoro-me a vasculhar. Peço para ouvir - e ouço do princípio ao fim - Tauhid de Pharoah Sanders e a fabulosa música que é Upper Egypt and Lower Egypt. No fim, trago-o comigo. Não há por que resistir.
Já com a jornalada na mão - a do dia e outra antiga ainda por ler - avanço sobre uma esplanada que recentemente abriu no miradouro de Santa Catarina. Os queques de azeitona e alho francês não são tão bons como o título faria supor. Mas isso não interessa por aí além, já que, enquanto os vou digerindo, me deleito com aquilo que me é dado a ler: uma nota do João Pereira Coutinho sobre Gore Vidal; uma crítica do Ricardo Saló, como sempre, para iniciados; uma reportagem, em rewind, do João Gobern sobre New Orleans (DNA da semana passada). Esta última, é daquelas que vale a pena recortar e guardar. Ao fundo, o rio brilha. À volta, a frequência também. E eu vou ficando.
De regresso a casa, ponho a tocar o one hit wonder William DeVaughn. Be thankful for what you’ve got - é o que me ocorre nestas alturas.
9.18.2005
9.12.2005
9.07.2005
A retoma que interessa
Como quem não quer a coisa, o Alberto Gonçalves ameaça voltar a uma certa normalidade. Isto é, a desempenhar a sua nobre função de homem a dias. Sim, à parte do filme de Martin Scorsese sobre Dylan e da prisão do Represas (mesmo que sem culpa formada e acompanhada do encerramento coercivo dos seus estabelecimentos de restauração), o que mais pode um homem desejar?
9.05.2005
Galeto
Não há nada mais anos 70 do que o Galeto. Decoração anos 70, cardápio anos 70, empregados anos 70, bigodes anos 70, prostitutas anos 70, maneiras anos 70 ...
Dawn of the Dead (vi)
Algures no filme de George Romero alguém diz a outrem "eating the opposition doesn't seems to make any sense". Por cá, salvo raras e honrosas excepções no espectro mais à esquerda, também não.
A possibilidade de aprender qualquer coisa
Duas revistas que, mais do que o habitual, vale a pena comprar: a Lire e a Inrockuptibles trazem várias páginas dedicadas a Michel Houellebecq e ao seu último livro "la possibilité d'une île". A intelectualidade gaulesa adepta do politicamente correcto (pleonasmo) já começou a rosnar. E eu já mandei vir. Da Amazon, entenda-se.
Paredes brancas
Estou a sentir uma angústia similar à de Richard Gere em American Gigolo: saber onde pendurar quadros nunca foi o meu forte.
Notícias da frente
Uma mudança de casa tem algo de épico. Pelo menos, a minha teve. Um para cima de eficiente exército russo-brasileiro tomou de assalto a sétima colina e fez em poucas horas aquilo que eu, provavelmente, não conseguiria fazer numa vida: empacotar, desmontar, acartar, transportar, desembalar, montar, receber e zarpar.
Dawn of the Dead (v)
Quando vejo os mortos-vivos de George Romero penso logo em Thriller - o clássico teledisco de Michael Jackson. Quando vejo Michael Jackson penso logo em vivos-mortos, personagens de uma futura saga cinematográfica que - haja saúde - Romero ainda irá dirigir.
Dawn of the Dead (iv)
"When there's no more room in hell, the dead will walk the earth" - esta tirada é demasiado optimista para o meu gosto. Ao remeter-nos para um futuro eventual, pressupõe sempre que ainda há.
Dawn of the Dead (iii)
Durante os primeiros três quartos de "Dawn of the Dead", é possível dizer-se que o zombie é o lobo do homem (e vice-versa). Porém, com a fita a aproximar-se do seu final, tudo se compõe e o velho Hobbes volta a ter razão: sitiados num centro-comercial abandonado no meio de uma América tomada de assalto pelos mortos saídos da terra, dois humanos salteadores digladiam-se até à morte com uma não menos humana quadrilha dos Hell’s Angels.