9.24.2005

Viver em Lisboa é bom

Sábado. Onze e meia da manhã. Depois de dez horas de sono ininterrupto, acordo para comprovar que este Outono tem os melhores dias de Primavera. Saio para a rua e atravesso o Bairro Alto em passo largo, mas pacífico, por entre os destroços da noite anterior. Cheiro a álcool entornado pelo chão. Lojas fechadas. Ruas vazias. Onde, porém, é possível ouvir algumas conversas de varanda para varanda. E pássaros.
A caminho das escadinhas do Duque, cruzo-me com uma enorme sex shop, instalada junto ao Largo do Cauteleiro. Não paro. O vinil que procuro é outro. Na Discolecção, uma das poucas tentações lisboetas para coleccionadores de discos, demoro-me a vasculhar. Peço para ouvir - e ouço do princípio ao fim - Tauhid de Pharoah Sanders e a fabulosa música que é Upper Egypt and Lower Egypt. No fim, trago-o comigo. Não há por que resistir.
Já com a jornalada na mão - a do dia e outra antiga ainda por ler - avanço sobre uma esplanada que recentemente abriu no miradouro de Santa Catarina. Os queques de azeitona e alho francês não são tão bons como o título faria supor. Mas isso não interessa por aí além, já que, enquanto os vou digerindo, me deleito com aquilo que me é dado a ler: uma nota do João Pereira Coutinho sobre Gore Vidal; uma crítica do Ricardo Saló, como sempre, para iniciados; uma reportagem, em rewind, do João Gobern sobre New Orleans (DNA da semana passada). Esta última, é daquelas que vale a pena recortar e guardar. Ao fundo, o rio brilha. À volta, a frequência também. E eu vou ficando.
De regresso a casa, ponho a tocar o one hit wonder William DeVaughn. Be thankful for what you’ve got - é o que me ocorre nestas alturas.
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