onde é que está a hipocrisia?
O cansativo Francisco Louçã, provavelmente em estado de necessidade desculpante (eu não vi mas parece que estava a levar uma sova), lançou no final do debate com Paulo Portas a ideia de que quem não tem filhos não pode falar sobre vida (ou, descodificando-a de forma benevolente, a “ideia” de que quem não tem filhos não pode opinar sobre o assunto aborto). Uma enormidade - parece que estamos quase todos de acordo - que não merece mais comentários. Houvesse bom senso nas hostes do Bloco e este episódio, pelo que delas dependesse, teria morrido ali. Mas não.
Dias depois, alguns candidatos desta agremiação e parte da gente que à sua volta gravita sacaram da manga a palavra 'hipocrisia' para qualificar o comportamento de Paulo Portas. De acordo com o candidato a deputado pelo Porto, “Há um limiar de hipocrisia muito forte da parte de Paulo Portas, que constrói uma fachada de conservador, de homem de Estado, mas que depois não a leva até às últimas consequências". Ou seja – e agora cito o Público -, segundo o deputado bloquista, para ser fiel aos princípios que professa, Paulo Portas deveria constituir família e ter filhos.
Ora, por muito que me esforce, não me lembro de alguma vez ter ouvido Paulo Portas a defender que o ideal de vida de um homem (de Estado ou sem ser de Estado) é casar e ter filhos. Nunca o ouvi pregar as virtudes do casamento, nem as qualidades do homem que gera descendência. O que eu por várias vezes vi e ouvi, e gostei de ver e gostei de ouvir, foi Paulo Portas defender que as famílias, e as famílias mais numerosas, devem, em certos aspectos (nomeadamente fiscais), ser tidas em consideração. Defender uma política para a família, promovê-la quando se está no Governo, não é o mesmo que proclamar que todos e qualquer um devem “constituir família e ter filhos”. Até as cabeças mais primárias do Bloco são capazes de perceber isso.
O que representa então esta investida contra a invocada e alegada hipocrisia de Paulo Portas. Algo mais do que meras anormalidades, por piores que elas já sejam. O que representa isto, que afinal é exactamente o mesmo que representam as palavras de Louçã durante o debate, é uma insinuação moralista e cobarde que, por ser subliminar, apenas se dirige aos bons entendedores. É, por isso mesmo, estúpida, já que ineficaz. É, acima de tudo e numa só palavra, um nojo.
Dias depois, alguns candidatos desta agremiação e parte da gente que à sua volta gravita sacaram da manga a palavra 'hipocrisia' para qualificar o comportamento de Paulo Portas. De acordo com o candidato a deputado pelo Porto, “Há um limiar de hipocrisia muito forte da parte de Paulo Portas, que constrói uma fachada de conservador, de homem de Estado, mas que depois não a leva até às últimas consequências". Ou seja – e agora cito o Público -, segundo o deputado bloquista, para ser fiel aos princípios que professa, Paulo Portas deveria constituir família e ter filhos.
Ora, por muito que me esforce, não me lembro de alguma vez ter ouvido Paulo Portas a defender que o ideal de vida de um homem (de Estado ou sem ser de Estado) é casar e ter filhos. Nunca o ouvi pregar as virtudes do casamento, nem as qualidades do homem que gera descendência. O que eu por várias vezes vi e ouvi, e gostei de ver e gostei de ouvir, foi Paulo Portas defender que as famílias, e as famílias mais numerosas, devem, em certos aspectos (nomeadamente fiscais), ser tidas em consideração. Defender uma política para a família, promovê-la quando se está no Governo, não é o mesmo que proclamar que todos e qualquer um devem “constituir família e ter filhos”. Até as cabeças mais primárias do Bloco são capazes de perceber isso.
O que representa então esta investida contra a invocada e alegada hipocrisia de Paulo Portas. Algo mais do que meras anormalidades, por piores que elas já sejam. O que representa isto, que afinal é exactamente o mesmo que representam as palavras de Louçã durante o debate, é uma insinuação moralista e cobarde que, por ser subliminar, apenas se dirige aos bons entendedores. É, por isso mesmo, estúpida, já que ineficaz. É, acima de tudo e numa só palavra, um nojo.
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