1.28.2005

não há porque ser blasé (a não ser porque se quer)

Concordando com quase tudo o que aqui é dito sobre o golo do Paíto (olha a rima), a começar pela impossibilidade de se repetir e a acabar na humilhação que representou para os benfiquistas, sempre direi que são golos como este os que mais me interessam: do Sporting, contra o benfica, impensáveis, com sorte à mistura, no prolongamento, num alguidar chamado Luz, com menos um jogador, trapalhões – com certeza que sim – mas, muito mais do que isso, espectaculares.

Era uma vez, em Macau, um desgraçado condutor de riquexó que resolveu arriscar a sorte no casino. Nessa noite, ganhou os milhões mais do que suficientes para poder viver com a cabeça enfiada na tigela cheia de arroz o resto dos dias da sua vida. Nessa mesma noite, nesse mesmo casino, num par de horas, acabou por estoirá-los. Confrontado com o episódio, ripostou (em chinês – não me lembro se mandarim ou cantonês): é verdade que continuo pobre, descalço, e a acartar os outros no lombo. É verdade que a minha vida, tendo podido mudar, continua triste. É verdade, e a verdade é dura. Mas, pelo menos, que não é pouco, agora posso dizer que gastei xxxxxxxxx milhões numa só noite. E isso nunca mais ninguém me tira. (os chineses, como toda a gente sabe, são obcecados por jogo, qualquer jogo, desde que seja a dinheiro).

No dia em que o Paíto assinar por um clube filiado na associação de futebol da Guarda, depois de ter sido dispensado por um clube da associação de futebol da Póvoa do Varzim, onde aterrou vindo do Fafe, ao qual havia sido emprestado por um clube que por aí há, treinado por um homem que usa as golas levantadas, depois de naquele ter sido posto a rodar pelo Sporting – dizia eu –, nesse dia, o Paíto vai poder olhar cara a cara para os seus companheiros e, num balneário com as paredes por caiar (e, já me esquecia, um calendário oferecido pela unidade local de distribuição de produtos Nobre), reviver com indisfarçável orgulho "o grande golo do Paíto".

Insisto, foi um Grande Golo o golo do Paíto. Volto a insistir, foi um grande golo o golo do Paíto. Um dos que maior alegria me deu (esporádica, é certo, como são todas). Eu gostei muito. Ele, o Paíto, esse mesmo que marcou "o grande golo do Paíto", ainda gostou mais. E tu - deixa-te de tangas e não te armes em Rogeiro da bola - também.

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