1.17.2005

e do Toy, ninguém fala?

Há dias em que tenho a sorte de encontrar o disco certo.
E o que é o disco certo? - Pergunta quem lê isto.
É um disco arrebatador, que, música após música, canção após canção, surpreende, entusiasma, faz-nos sentir melhores pessoas, pessoas quase boas, e torna o mundo um lugar feliz – respondo eu.
Apothecary, de Carl Hancock Rux, é isso mesmo. O último disco certo que veio parar às minhas mãos. Uma monumental obra de soul, onde sobra lugar para muitas outras correntes da música negra e não só. Do funk ao R&B, do gospel ao legado de Gil Scott-Heron, da electrónica ao be bop, de muitas outras coisas a tantos outros sons, Apothcary é fruto de um caldo de influências, porém elitista, já que cozinhado com as melhores matérias-primas, os mais frescos ingredientes e as mais saborosas especiarias.
Em jeito de ressalva, informo que estou a escrever este post no exacto momento em que acabei de ouvir Apothecary pela primeira vez. A quente, portanto. Mas não creio que venha a arrepender-me do que acima digo. Pode até ser que este disco não venha a ter o reconhecimento que merece - hoje em dia o ruído é demasiado para que tudo o que é bom acabe por vir à tona -, mas que é um daqueles rasgos com que a cultura americana, vai-não-vai, se abana a si própria, disso não tenho a mínima dúvida. Intenso, como a melhor música de Marvin Gaye. Caleidoscópico, como os melhores poemas de Allen Ginsberg. Perene, como as melhores canções de Bob Dylan.

Cortesia Quase Famosos
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