No momento imediatamente anterior ao perdigoto (antes dele, portanto)
Entre os dois textos do Ivan sobre Reagan, é possível vislumbrar uma mudança, não só no tom, como no essencial do conteúdo.
No primeiro, a ideia que passa é a de que, durante os anos de Reagan, a economia americana regrediu globalmente, e, no meio dessa regressão geral, acentuaram-se as desigualdades sociais, aumentaram os números da pobreza e o aumentou o número de pessoas a viver na rua.
No segundo, as criticas a Reagan já acentuam, apenas, o aumento do número de pobres e homeless.
Há, entre os sentidos destes dois textos, uma diferença essencial.
Nenhum governo, em que país seja, em que tempo tenha sido, conseguiu, consegue ou conseguirá, melhorar a vida de todos e cada um dos que nele vivem. Haverá sempre quem seja desfavorecido e quem seja excluído. E haverão aqueles que, durante o exercício de um governo, por coincidência, ou por força directa ou indirecta (ainda que involuntária) das suas políticas, passarão a viver pior. Alguns, muito pior.
Assim, mesmo admitindo que o número de homeless tenha aumentado extraordinariamente durante a presidência de Reagan (o que, para utilizar uma linguagem forense, apenas por mera cautela de patrocínio equaciono – pois há fontes, também citáveis, que contrariam as citadas pelo Ivan), tal não é razão objectiva para desfazer toda a sua política económica.
Não é politicamente correcto dizer isto, mas, se o facto de, durante um mandato (ou dois), algumas (relativamente - ainda que, em termos absolutos, muitas) pessoas piorarem de vida – mesmo sendo essa piora para algo que é insuportável, como o é a pobreza marginal –, é suficiente para classificarmos uma politica de péssima, ou má, então, nunca até hoje existiu nenhum mandato onde fosse seguida uma política que pudesse ser classificada como boa.
O facto de ter aumentado o número de pessoas a viver na rua é razão mais do que suficiente para atacar e criticar Reagan e as suas politicas, mas não legitima dizer-se que toda a sua politica foi um desastre. É ingénuo e/ou demagógico achar que alguém vai fazer tudo bem, ou, pelo menos, tudo menos mal. Se Reagan conseguiu globalmente melhorar de forma acentuada a vida de muitos e muitos americanos – porque os dados do crescimento económico tiveram um reflexo positivo na vida de muita gente (incluindo gente que foi tirada do desemprego e da rua, para uma vida decente) –, algum mérito Reagan teve, ainda que nem todos e cada um dos americanos tenham sido por ele beneficiados.
Alguns dirão que por aqui se vê a diferença entre a esquerda e a direita. O Ivan preocupa-se com as pessoas de carne e osso e eu, preocupar-me-ia, apenas, com os números. Só que, estes números de que falo, tiveram impacto positivo na vida de muita gente de carne e osso. São números, mas são muitos e todos de carne e osso.
Entre os dois textos do Ivan sobre Reagan, é possível vislumbrar uma mudança, não só no tom, como no essencial do conteúdo.
No primeiro, a ideia que passa é a de que, durante os anos de Reagan, a economia americana regrediu globalmente, e, no meio dessa regressão geral, acentuaram-se as desigualdades sociais, aumentaram os números da pobreza e o aumentou o número de pessoas a viver na rua.
No segundo, as criticas a Reagan já acentuam, apenas, o aumento do número de pobres e homeless.
Há, entre os sentidos destes dois textos, uma diferença essencial.
Nenhum governo, em que país seja, em que tempo tenha sido, conseguiu, consegue ou conseguirá, melhorar a vida de todos e cada um dos que nele vivem. Haverá sempre quem seja desfavorecido e quem seja excluído. E haverão aqueles que, durante o exercício de um governo, por coincidência, ou por força directa ou indirecta (ainda que involuntária) das suas políticas, passarão a viver pior. Alguns, muito pior.
Assim, mesmo admitindo que o número de homeless tenha aumentado extraordinariamente durante a presidência de Reagan (o que, para utilizar uma linguagem forense, apenas por mera cautela de patrocínio equaciono – pois há fontes, também citáveis, que contrariam as citadas pelo Ivan), tal não é razão objectiva para desfazer toda a sua política económica.
Não é politicamente correcto dizer isto, mas, se o facto de, durante um mandato (ou dois), algumas (relativamente - ainda que, em termos absolutos, muitas) pessoas piorarem de vida – mesmo sendo essa piora para algo que é insuportável, como o é a pobreza marginal –, é suficiente para classificarmos uma politica de péssima, ou má, então, nunca até hoje existiu nenhum mandato onde fosse seguida uma política que pudesse ser classificada como boa.
O facto de ter aumentado o número de pessoas a viver na rua é razão mais do que suficiente para atacar e criticar Reagan e as suas politicas, mas não legitima dizer-se que toda a sua politica foi um desastre. É ingénuo e/ou demagógico achar que alguém vai fazer tudo bem, ou, pelo menos, tudo menos mal. Se Reagan conseguiu globalmente melhorar de forma acentuada a vida de muitos e muitos americanos – porque os dados do crescimento económico tiveram um reflexo positivo na vida de muita gente (incluindo gente que foi tirada do desemprego e da rua, para uma vida decente) –, algum mérito Reagan teve, ainda que nem todos e cada um dos americanos tenham sido por ele beneficiados.
Alguns dirão que por aqui se vê a diferença entre a esquerda e a direita. O Ivan preocupa-se com as pessoas de carne e osso e eu, preocupar-me-ia, apenas, com os números. Só que, estes números de que falo, tiveram impacto positivo na vida de muita gente de carne e osso. São números, mas são muitos e todos de carne e osso.
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