6.04.2004

Happy Hippie Girls

O Bruno conta-nos que não gosta dos anti-globalização que fazem por recriar nos dias de hoje o cenário imundo de Woodstock onde, a bem dizer, apenas Jimi Hendrix brilhou. Concordo e discordo. No que respeita ao género masculino, nada a objectar às reflexões do Bruno e, sendo assim, piscina olímpica dos Olivais com eles, cheia de lixívia e com redes por cima para de lá não saírem. Já no que respeita às moçoilas divirjo radicalmente.
No alto de Santa Catarina situa-se um bonito miradouro, servido por um miserável quiosque (é quase sempre assim em Portugal: quando o sítio é bom, come-se, bebe-se e serve-se mal; quando o inverso sucede, sucede o inverso: come-se e bebe-se bem, num sitio escuro ou claustrofóbico ou medonho ou tudo isso ao mesmo tempo), onde tem por hábito parar a fauna hippie-anarco-bloquista, unida pela aspiração a um dia partir montras nas imediações de uma reunião do G8, e pelos charros martelados com drunfos que rodam entre si.
Por essas bandas, é possível ver diariamente - e em maior número agora que o calor aperta - um espécime feminino do qual muito gosto. Um fetiche – é certo -, mas um fetiche dos mais cá de casa.
Giras, com saias largas, leves, vaporosas, translúcidas, até aos pés quase descalços. T-shirts de alças, em regra verde azeitona, a acabarem por cima do umbigo onde, espetados, se vêem piercings de vários feitios. Cabelos com ar mal lavado, presos por elásticos, ganchos e fitas, agulhas e lápis de carvão. Corpos esguios, demasiado mas não excessivamente magros. Ausência de soutien que permite, por entre a folga sita junto às axilas (devidamente desodorizanteadas, pois que até as taras têm limites), contemplá-las, pequenas, duras e em forma de cone.
É vê-las, Rua Marechal Saldanha adentro até ao Adamastor, com paragem na mercearia para abastecimento de cerveja, e pensar o quão mais maçador seria este mundo sem aquele “mundo outro”: real, palpável, suado.
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