Nova Iorque (III)
Quartos grandes, camas grandes, prédios grandes, lojas grandes, megastores, carros grandes, milhares de WARNINGS – para não me queimar, para não escorregar, para esperar, para não tropeçar, para não me entalar. Pessoas enormes a comer doses brutais – uma sanduíche com fiambre suficiente para abastecer o meu frigorifico por uma semana inteira; coca-colas servidas em baldes - o mais pequeno de meio litro - e engolidas de um só golo; gelados de dez bolas, das quais se comem cinco, três vão para o chão e duas pingam para as mãos; a big one? a large one?. Nos fins de tarde, montes de sacos do lixo na rua, à porta dos prédios, que tornam os passeios mais difíceis de percorrer do que Rua de Santa Marta por um associado da ACAPO; homens e mulheres, pretos e brancos, com ou sem borbulhas, de boné com pala para a frente ou para trás, calças à dread (muito largas e descaídas até meio do rabo. A fazer um fole nas canelas) ou shorts, a comer e a beber compulsivamente, incansavelmente, a inchar e a engordar, a arfar, até que um AVC ou um ataque cardíaco os faça parar. A brilliant lawyer with a brilliant career and a beautiful wife smokes a large cigar with his fucking brains loaded with Red Bull. Ténis complicados de tão artilhados. Ou simples e feios, maioritariamente brancos, mas sempre grandes. Comida a toda a hora. 24 Horas a servir sopas e saladas vendidas a peso em caixas de plástico onde não cabe nada que não seja muito. Bilions and bilions sold. Canos de esgoto a abarrotar de restos, que circulam e renovam-se a cada segundo, de cima para baixo da terra.
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