fnac – essa instituição que me faz rastejar
Entro na Fnac. De há uns tempos para cá têm chegado a um ritmo alucinante novos filmes à Fnac. Há banheiras de DVDs espalhadas e empilhadas por todo o lado. Eu, consumidor angustiado e muito curioso, depois de espreitar as prateleiras, preciso de ver o que está dentro dos caixotes para saber o que comprar. Acho sempre que aquilo que mais quero está escondido no fundo de um caixote. Vai daí, peço a um funcionário que passa para ver o que está lá dentro. O funcionário, de rabo-de-cavalo e aspecto sub nutrido, com modos não tão simpáticos como devia, diz-me que não é possível, que tenho que esperar que tudo seja arrumado nos escaparates. Pergunto-lho quando é que isso vai acontecer, já que desde há muitas semanas vejo caixotes acumularem-se pelo chão. A resposta é a esperada: quando for possível!
Não me conformo. Não desisto. Não posso desistir enquanto me passar pela cabeça que no fundo daquelas banheiras pode estar o filme que procuro. Espero que o funcionário desapareça e sorrateiramente ponho-me a espreitar para dentro dos caixotes. O primeiro, o que está em cima da pilha, é fácil de vasculhar. Nada de especial. Passo aos seguintes, missão mais espinhosa que implica acartar com caixas de vários quilos. Uma a uma, lá as vou desempilhando, sempre de forma discreta para não ser apanhado pelo funcionário. Alerta máximo. Olhos a girar como um radar. Trabalho braçal expedito. Até que, com um gesto atabalhoado, entorno uma das banheiras. Há que agir rapidamente. Levanto-me, disfarço e circulo como se não fosse nada comigo. Dou uma volta e volto ao mesmo local, tentando pôr o ar de quem acabou de chegar. Surpreendido, ou fingindo estar, baixo-me para arrumar o que ficou no chão. Aproveito e vou vendo os DVDs. Sinto-me como se estivesse a roubar num supermercado. Sinto o calor abafado de uma cave bafienta. Sinto-me mal, embora não esteja, nem queira fazer mal algum. Quero apenas comprar qualquer coisa numa loja. Presumo que os da loja queiram vender. Não percebo nada.
Não me conformo. Não desisto. Não posso desistir enquanto me passar pela cabeça que no fundo daquelas banheiras pode estar o filme que procuro. Espero que o funcionário desapareça e sorrateiramente ponho-me a espreitar para dentro dos caixotes. O primeiro, o que está em cima da pilha, é fácil de vasculhar. Nada de especial. Passo aos seguintes, missão mais espinhosa que implica acartar com caixas de vários quilos. Uma a uma, lá as vou desempilhando, sempre de forma discreta para não ser apanhado pelo funcionário. Alerta máximo. Olhos a girar como um radar. Trabalho braçal expedito. Até que, com um gesto atabalhoado, entorno uma das banheiras. Há que agir rapidamente. Levanto-me, disfarço e circulo como se não fosse nada comigo. Dou uma volta e volto ao mesmo local, tentando pôr o ar de quem acabou de chegar. Surpreendido, ou fingindo estar, baixo-me para arrumar o que ficou no chão. Aproveito e vou vendo os DVDs. Sinto-me como se estivesse a roubar num supermercado. Sinto o calor abafado de uma cave bafienta. Sinto-me mal, embora não esteja, nem queira fazer mal algum. Quero apenas comprar qualquer coisa numa loja. Presumo que os da loja queiram vender. Não percebo nada.
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