3.03.2004

Queremos saber agora para mais tarde saber com que contamos
Mais do que das suas noites e tardes passadas na hemeroteca, interessa agora saber o que é que o dr. Louçã tem a dizer sobre a criminalização do aborto a partir das 12 semanas. Considerará ele essa lei (que se pretende fazer aprovar), se e quando vier a ser, uma lei justa? Será que, com ela em vigor, irá deixar de insultar publica e repetidamente as pessoas que não pensam como ele, como quando, com o seu mecânico ar trágico, a sua voz sôfrega e grave, diz que é “preciso acabar com a barbárie e com a selvajaria”, sendo bárbaros e selvagens aqueles que defendem a lei que existe. Será que irá ficar calado e quieto quando uma mulher que faça um aborto às 13 semanas venha a sentar-se no banco dos réus? Que diferença para ele há entre um aborto às 11 semanas e um aborto às 13 semanas? Porque é que num caso tratá-lo como crime é uma “barbárie” e uma “selvajaria”, e noutro é “moderno”, “liberal” e “civilizado”? Porquê? dr. Louçã
É bom que estas questões sejam desde já esclarecidas, pois eu não quero crer que daqui a uns anos, se e quando esta descriminalização se consumar, o dr. Louçã venha a clamar por mais modernidade, exigindo que o prazo para abortar livremente seja alargado para as 16, 28 ou 36 semanas, e chamando selvagens e bárbaros àqueles que a ele de novo se irão opor? Não quero crer.
Não quero crer porque - dr. Louçã - os adjectivos "selvagem" e "bárbaro" são para ser usados com rigor, de forma a evitar que no futuro seja necessário alguém vir a público denunciar que em tempos o dr. Louçã andou a defender aquilo que nesse, não desejável mas infelizmente previsível, momento futuro, estará a qualificar como barbaridade e selvajaria.
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