3.21.2004

Deixem a bola em paz
Há cerca de quinze dias atrás, o PS criticou duramente a escolha pela coligação PSD/PP do slogan ‘Força Portugal’, argumentando tratar-se de mais um exemplo da promiscuidade entre o futebol e a política, ou não fosse o slogan ‘Força Portugal’ o mesmo que, em ano de euro doméstico, aparece estampado em muitos dos cachecóis da selecção portuguesa de futebol.
Criticou e criticou muito bem, pois, para além de ser um slogan politicamente vazio que não distingue a coligação e o seu programa de nenhum outro partido (em princípio todos os partidos querem o que julgam ser melhor para o país), é uma notória chico-espertice (como assinalou o PAS) onde, não tenho dúvidas, se tenta aproveitar a onda do campeonato da Europa.
Mas, se o ‘Força Portugal’ do PSD/PP é lamentável, o que dizer do ‘Assim não, Dr. DURÃO’ do PS, onde a frase citada aprece inscrita num ‘cartão amarelo’ que uma mão mostra a quem para ela olhar? O que dizer, se não que é igualmente de lamentar.
Mais uma vez, entramos no domínio do uso das metáforas futebolísticas na linguagem política, sempre com a ideia subjacente (e não de todo errada) de que o povo é ignorante e como tal compreende melhor aquilo que vê e ouve na bola.
Não contesto que este método possa dar resultados – o Major Valentim e os publicitários que agora controlam as campanhas partidárias que o digam –, mas, para mim, é pena que assim seja. Ganhar votos não deveria ser o mesmo que vender telemóveis.
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