Bloco de ilusões
Saíram por aí umas sondagens que dão a esquerda - toda somada - uns pontos à frente da direita, e logo os rapazes do Bloco se apressaram a congeminar teorias sobre a necessidade de unir aquela para acabar com o pior governo de sempre.
Unir toda esquerda?
Há que não ter ilusões.
Em primeiro lugar, é sabido que estas sondagens, generosas para a esquerda, raramente se confirmam nas noites das eleições.
Em segundo lugar, no PS – a única via para a esquerda governar – as pessoas responsáveis, com um mínimo de ambição e sentido de estratégia, sabem perfeitamente que muito dificilmente (ou nunca) chegarão ao poder (i) com um puro programa de esquerda, e (ii), muito menos, aliados (sob que forma for) com os outros partidos de esquerda.
Não chegam lá com um puro programa de esquerda porque sabem que com um tal programa o país é ingovernável. O núcleo fundamental das políticas de um governo está, desde há uns anos, estabilizado e, seja o PS ou o PSD (com ou sem o PP), manter-se-á inalterado. Esse núcleo fundamental é algo que por natureza não é aceitável pelo Bloco nem pelo PCP. É algo de civilizacional. Tem sobretudo que ver com conceitos de liberdade e de responsabilidade, que, quanto a mim, são pacíficos dentro daqueles (mas não destes) partidos.
Também não chegam lá com os outros partidos, porque, com eles ao lado, descredibilizam-se, afugentando milhares e milhares de votos, precisamente porque esses outros partidos não têm a mesma concepção de liberdade e resposabilidade que a esmagadora maioria das pessoas tem, maioria que nunca iria compreender ou aceitar coligações ou acordos contranatura. É óbvio que há grandes diferenças entre o PS, o PSD e o PP, não só a nível de estilo mas também de conteúdo. É óbvio que não é a exactamente a mesma coisa ser governado por uns ou por outros. Mas não são as mesmas diferenças que existem entre estes três partidos e o Bloco e PCP.
Noventa por cento daquilo que o Bloco profere apenas pode existir a um nível mediático. Serve para aparecer nas televisões, para lançar polémica, para encher de parangonas os jornais, para fóruns TSF, para “fracturar” nas ondas hertzianas, mas não serve para mais nada. Não tem aplicação ou concretização em nenhum país que pretenda ser frequentável.
Assim, das duas uma, ou o PCP e o Bloco mudam radicalmente e deixam de ser o PCP e o Bloco, ou a única forma da esquerda governar continua a ser o PS. Sozinho. Ao centro.
Saíram por aí umas sondagens que dão a esquerda - toda somada - uns pontos à frente da direita, e logo os rapazes do Bloco se apressaram a congeminar teorias sobre a necessidade de unir aquela para acabar com o pior governo de sempre.
Unir toda esquerda?
Há que não ter ilusões.
Em primeiro lugar, é sabido que estas sondagens, generosas para a esquerda, raramente se confirmam nas noites das eleições.
Em segundo lugar, no PS – a única via para a esquerda governar – as pessoas responsáveis, com um mínimo de ambição e sentido de estratégia, sabem perfeitamente que muito dificilmente (ou nunca) chegarão ao poder (i) com um puro programa de esquerda, e (ii), muito menos, aliados (sob que forma for) com os outros partidos de esquerda.
Não chegam lá com um puro programa de esquerda porque sabem que com um tal programa o país é ingovernável. O núcleo fundamental das políticas de um governo está, desde há uns anos, estabilizado e, seja o PS ou o PSD (com ou sem o PP), manter-se-á inalterado. Esse núcleo fundamental é algo que por natureza não é aceitável pelo Bloco nem pelo PCP. É algo de civilizacional. Tem sobretudo que ver com conceitos de liberdade e de responsabilidade, que, quanto a mim, são pacíficos dentro daqueles (mas não destes) partidos.
Também não chegam lá com os outros partidos, porque, com eles ao lado, descredibilizam-se, afugentando milhares e milhares de votos, precisamente porque esses outros partidos não têm a mesma concepção de liberdade e resposabilidade que a esmagadora maioria das pessoas tem, maioria que nunca iria compreender ou aceitar coligações ou acordos contranatura. É óbvio que há grandes diferenças entre o PS, o PSD e o PP, não só a nível de estilo mas também de conteúdo. É óbvio que não é a exactamente a mesma coisa ser governado por uns ou por outros. Mas não são as mesmas diferenças que existem entre estes três partidos e o Bloco e PCP.
Noventa por cento daquilo que o Bloco profere apenas pode existir a um nível mediático. Serve para aparecer nas televisões, para lançar polémica, para encher de parangonas os jornais, para fóruns TSF, para “fracturar” nas ondas hertzianas, mas não serve para mais nada. Não tem aplicação ou concretização em nenhum país que pretenda ser frequentável.
Assim, das duas uma, ou o PCP e o Bloco mudam radicalmente e deixam de ser o PCP e o Bloco, ou a única forma da esquerda governar continua a ser o PS. Sozinho. Ao centro.
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