'Anjos sobre Berlim, o mundo desde o fim'
Faltaram os Bad Seeds ao concerto de Nick Cave no CCB. Já se sabia que eles não viriam, mas o que eu não sabia era a tanta falta que eles iriam fazer. E fizeram. Não que o concerto tenha sido mau, antes pelo contrário foi um grandessissímo concerto (desde já candidato n.º 1 a melhor do ano), mas o que sobrou em talento e proximidade, faltou em intensidade, força e, ora bem, emoção. Para mim (neste ponto tenho que discordar do Pedro), o concerto de há três ou quatro anos no Coliseu foi muito superior ao de ontem - direi mesmo que foi uma das mais inesquecíveis experiências musicais que já tive, a par das primeiras audições de Blonde on Blonde, Kind of Blue ou Hunky Dory - e se representou o fim de algo (e se calhar representou mesmo), foi o fim de algo que não queria ver acabado. Onde antes havia uma viagem ao centro da alma na qual necessariamente se tinha que perfurar o corpo, há agora melodias melancólicas e resignadas (des)adaptadas ao tom de “No more Shall we Part” (fabuloso disco!) sem que no entanto para este tenham sido compostas.
Ontem, sem prejuízo da excelência do que foi dado a ver e a ouvir, foi difícil, se não impossível, esquecer o som e a fúria dos Bad Seeds, ou de Nick Cave e os Bad Seeds, ao ouvir as novas versões de, por exemplo, Mercy Seat ou Do You Love Me; esquecer as interpretações de The Weeping Song, Red Right Hand, From Her to Eternity, e por aí fora, que imediatamente incendiaram um Coliseu repleto e encharcado; esquecer esse concerto onde ainda foi possível ver anjos sobre uma cave de Berlim e o mundo parecia estar perto do fim.
Faltaram os Bad Seeds ao concerto de Nick Cave no CCB. Já se sabia que eles não viriam, mas o que eu não sabia era a tanta falta que eles iriam fazer. E fizeram. Não que o concerto tenha sido mau, antes pelo contrário foi um grandessissímo concerto (desde já candidato n.º 1 a melhor do ano), mas o que sobrou em talento e proximidade, faltou em intensidade, força e, ora bem, emoção. Para mim (neste ponto tenho que discordar do Pedro), o concerto de há três ou quatro anos no Coliseu foi muito superior ao de ontem - direi mesmo que foi uma das mais inesquecíveis experiências musicais que já tive, a par das primeiras audições de Blonde on Blonde, Kind of Blue ou Hunky Dory - e se representou o fim de algo (e se calhar representou mesmo), foi o fim de algo que não queria ver acabado. Onde antes havia uma viagem ao centro da alma na qual necessariamente se tinha que perfurar o corpo, há agora melodias melancólicas e resignadas (des)adaptadas ao tom de “No more Shall we Part” (fabuloso disco!) sem que no entanto para este tenham sido compostas.
Ontem, sem prejuízo da excelência do que foi dado a ver e a ouvir, foi difícil, se não impossível, esquecer o som e a fúria dos Bad Seeds, ou de Nick Cave e os Bad Seeds, ao ouvir as novas versões de, por exemplo, Mercy Seat ou Do You Love Me; esquecer as interpretações de The Weeping Song, Red Right Hand, From Her to Eternity, e por aí fora, que imediatamente incendiaram um Coliseu repleto e encharcado; esquecer esse concerto onde ainda foi possível ver anjos sobre uma cave de Berlim e o mundo parecia estar perto do fim.
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