1.21.2004

pesca

À chegada, a meio da noite, parece que estamos na Lua ou em Marte, tal é a desolação da paisagem. Ao entrar na terra, vêem-se ruas modestas com casas modestas plantadas a espaços. Meio cidade fantasma, meio gueto ameaçador.
Ao acordar, o mar é transparente, verde e azul, por esta ordem, com água quente. A areia, finíssima, é branca. A praia tem quilómetros e, embora me digam que os hotéis estão esgotados, há grandes espaços sem ninguém.
Na Ilha do Sal, há três Cabos Verdes. Um que vive do vento, outro que vive do mar, e, um terceiro, que vive enfiado nos hotéis.
O pontão é “o lugar”. Velho, gasto, meio abaulado, mas ainda em pé, com cada tábua de seu tamanho, é lá que chegam os barcos da pesca, onde descarregam o peixe que, ali mesmo e de imediato, é amanhado e vendido.
Este é um dos melhores lugares para pesca desportiva. Há grandes skippers, barcos razoáveis a preços razoáveis, e peixe a dar com um pau.
Às 8 da manhã, depois de mais uma noitada invariavelmente acabada a ouvir um set de hip hop no Pirata, arrancamos no Majumba para cinco horas em alto mar. O Zé (da Guiné) monta as canas na popa. Está um mar muito picado e, à medida que o barco rasga as ondas de três metros, saltam da água peixes voadores. Ao fim de algum tempo uma das canas começa a vergar. É hora de recolher as outras, abrandar a velocidade e tomar lugar na cadeira de ataque. Na pesca, a grande pica, que nos sustem na luta, vem da expectativa de saber o que é que mordeu o isco. Até quase ao fim, sabemos que pesa muito, mas não sabemos o que é. E pode ser muita coisa. São minutos que parecem horas, a cansar o peixe, a dar linha, a aproveitar, com alguns golpes baixos (admito), as suas distracções.
De novo no pontão, com o enjoo a passar, o calor da uma da tarde e a água mais calma, mergulha-se de cabeça.




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