Miami. Em grande e à grande
Chama-se a atenção para duas edições recentes onde a cidade de Miami é a estrela.
Primeira: A Big, uma das mais bem concebidas revistas não se sabe bem de quê (todos os números têm um tema, mas os temas não têm nada que ver uns com os outros), dedica o seu n.º 47 a Miami. São dezenas de páginas de fotografias, sublinhadas por diálogos raramente perceptíveis a não ser para os locais. É uma “reportagem” feita por quem vive a e na cidade, onde se fala de uma suposta Miami crisis, a propósito do crime, da cocaína e das putas. Não há como ver para desconfiar.
A segunda: Um caixote com a edição super especial em DVD do Scarface de Brian de Palma.
Não consigo perceber como é que este filme foi, e é, tão maltratado por tanta gente que gosta de cinema. É violento. É excessivo. É abundante. E então?
Quase todos os planos são obras-primas da fotografia, com as cores vivas para retratar os excessos em que se vive. A música de Giorgio Moroder - que procura e consegue dar profundidade ao personagem selvático de Al Pacino - é fora de série e um pastiche electrónico da banda sonora de Barry Lyndon (outro grande filme sobre ascensão e queda). Pacino, no seu ambiente mais propício, arrasa na pele de Tony Montana, um personagem latino, explosivo, desequilibrado, muito dado ao overacting, que nos provoca os mais diversos e contraditórios sentimentos, da repulsa à admiração, da adrenalina a uma enorme solidão. A propósito de solidão, fica para sempre a sequência em que Tony Montana, depois de matar o seu promotor, vai ter com Michelle Pfeiffer e, na madrugada de Miami, numa varanda sobre a baía, olha embasbacado para o Zeppelin da Goodyaer onde corre a frase “the world is yours”.
No fim, o mundo é dele. Mas aí ele percebe que nem o mundo lhe chega.
Primeira: A Big, uma das mais bem concebidas revistas não se sabe bem de quê (todos os números têm um tema, mas os temas não têm nada que ver uns com os outros), dedica o seu n.º 47 a Miami. São dezenas de páginas de fotografias, sublinhadas por diálogos raramente perceptíveis a não ser para os locais. É uma “reportagem” feita por quem vive a e na cidade, onde se fala de uma suposta Miami crisis, a propósito do crime, da cocaína e das putas. Não há como ver para desconfiar.
A segunda: Um caixote com a edição super especial em DVD do Scarface de Brian de Palma.
Não consigo perceber como é que este filme foi, e é, tão maltratado por tanta gente que gosta de cinema. É violento. É excessivo. É abundante. E então?
Quase todos os planos são obras-primas da fotografia, com as cores vivas para retratar os excessos em que se vive. A música de Giorgio Moroder - que procura e consegue dar profundidade ao personagem selvático de Al Pacino - é fora de série e um pastiche electrónico da banda sonora de Barry Lyndon (outro grande filme sobre ascensão e queda). Pacino, no seu ambiente mais propício, arrasa na pele de Tony Montana, um personagem latino, explosivo, desequilibrado, muito dado ao overacting, que nos provoca os mais diversos e contraditórios sentimentos, da repulsa à admiração, da adrenalina a uma enorme solidão. A propósito de solidão, fica para sempre a sequência em que Tony Montana, depois de matar o seu promotor, vai ter com Michelle Pfeiffer e, na madrugada de Miami, numa varanda sobre a baía, olha embasbacado para o Zeppelin da Goodyaer onde corre a frase “the world is yours”.
No fim, o mundo é dele. Mas aí ele percebe que nem o mundo lhe chega.
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