11.06.2003

não ter medo de ser feliz

Havia concerto dos Blur mas não me estava a apetecer muito ir. Ainda não entrei no último disco, a milhas de Great Escape e Park Life, e estava com a cabeça a rebentar. Não. Não me estava a apetecer quase nada.
Mas não podia deixar de ir. Porque tinha bilhetes comprados há muito tempo, como sempre faço com terror que esgotem e venha a arrepender-me. Porque na guerra com os Oasis sempre estive do lado dos Blur e agora, no pós guerra, tinha que estar presente. E, finalmente, porque era no Coliseu e eu tenho o hábito de gostar de voltar aos sítios onde já fui feliz.
Com a ajuda de uns estimulantes lá me enfiei num Coliseu à pinha, que, depois do fiasco de Ben Harper (não há nada a fazer, o Pavilhão Atlântico é impróprio para ouvir música), fez de imediato subir-me a moral.
Pouco após o início do concerto, um amigo e primo meu que anda a trabalhar para todos nós convidou-me a abandonar a plateia para lugares mais "importantes" onde estava instalado (outra vez o velho dilema entre o moshe ou a cadeira confortável). Aceitei o convite e logo depois Tender com visão panorâmica sobre a sala em êxtase. Seguiram-se as grandes músicas, Think Tank a soar melhor que em disco, fora de tempo, Damon Albarn em pico forma, números à Sex Pistols, Song 2, The Universal (a melhor), e no fim do final, com as luzes já acesas, o regresso ao palco, como só antes os Pixies ousaram fazer.
Lembrei-me então do princípio da noite, da minha relutância, da dor de cabeça que havia passado com a descarga de decibéis, e confirmei aquilo que já há muito sei. Uma guitarra eléctrica, um baixo e uma bateria é o suficiente para valer a pena arriscar ser feliz.
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