11.08.2003

Israel, Islamismo, Ocidente, os media e a guerra demográfica

Na sequência da sondagem que atribuiu a Israel o título de país mais ameaçador da paz mundial, houve muita gente que veio a terreno condenar tal resultado (lamentável, diga-se) por o mesmo demonstrar o renascimento de um anti-semitismo europeu.
Sem deixar de admitir que há, certamente, atitudes anti-semitistas nas respostas que na sondagem deram a “vitória” a Israel, penso que as razões fundamentais para o resultado são outras:
Por um lado, os média, muito tendencialmente dominados pela esquerda, continuam a viver na obsessão do politicamente correcto, não tendo qualquer pejo em fazer verdadeiras campanhas, mais descaradas ou mais disfarçadas, a favor do seu “lado”, o “lado certo”. Em tudo procuram tomar partido, mas nem sempre - raras vezes, mesmo - de forma honesta e assumida (não tenho nada contra linhas editoriais partidárias [de tomar partido, entenda-se]). Os média, dominados pela esquerda, tomam partido, procurando transmitir a ideia – falsa – de que não o estão a fazer. De que estão apenas a relatar factos e a proferir juízos de ciência.
Ora, na questão de Israel, estes média (dominantes insisto), tomam sistematicamente uma posição anti-israelita. Porquê? Porque os Israelitas são judeus? Não só, nem principalmente, creio.
Tomam, porque à frente do Governo de Israel está um partido de direita tradicional e sem complexos – o Likud – e, sobretudo, porque Israel é um indefectível aliado dos Estados Unidos da América. Esta conjugação de factores faz de Israel um alvo a abater pela esquerda politicamente correcta que domina os média. Com a sua força, estes média incutem todos os dias nas cabeças, pouco preparadas e cada vez menos disponíveis para pensar de forma critica, do europeu médio, a ideia de que o mal é Israel, vem de Israel e vai ser consumado por Israel.
Mas há uma outra razão para que os Europeus considerem Israel mais perigoso do que a Coreia da Norte ou o Irão:
Os sábios islamitas (porque são sábios) têm consciência de que a guerra contra o Ocidente, da qual a guerra contra Israel é apenas um episódio, não é susceptível de ser ganha pela força das armas. O fomento da miséria, da desigualdade e da falta de liberdade nos países islâmicos onde o ódio ao ocidente prolífera (não são todos, há que dizê-lo) não é propício ao desenvolvimento das condições necessárias à recuperação de séculos de atraso tecnológico, e o terrorismo, por mais sofisticado e mortal que seja, não é capaz de dar cabo de uma civilização. Há, porém, um campo no qual os sábios islamitas sabem que esta guerra pode vir a ser ganha. O campo da demografia.
No que respeita a Israel, há duas grandes comunidades judaicas no mundo: a israelita e a americana, o resto é paisagem. Destas, a comunidade americana está a caminhar para o desaparecimento a breve prazo. Cada vez são menos os casamentos dentro da religião e mesmo os filhos de pai e mãe judaicos, não raras vezes, são criados à margem da Tora (ou do Talmud, os mais radicais). Com a disseminação desta comunidade, os judeus de Israel ficarão isolados, sem um apoio fundamental que os tem sustentado e, desta forma, vulneráveis ao assalto final.
No que respeita ao restante mundo ocidental, as perspectivas dos islamitas também não são pessimistas. Nos últimos anos, tem-se assistido a uma diminuição preocupante da natalidade em vários países desenvolvidos. As pessoas, egoisticamente ou não, cada vez tem menos disponibilidade para ter filhos. Os governos, sem visão estratégica, pouco ou nada se preocupam com o fenómeno. Paralelamente, vemos um aumento da emigração de países árabes originando a criação de comunidades muçulmanas, nos Estados Unidos e na Europa, que, ao invés de outras comunidades de emigrantes, pouco ou nada se integram, cultural e socialmente, nos países de acolhimento, vivendo de forma fechada e tentando a pouco e pouco impor os seus hábitos, costumes e mentalidade aos autocnes que nas suas imediações vivem. A acrescer a tudo isto, há a propensão destas comunidades em se reproduzirem, sem que, no entanto, aos seus descendentes seja dada a oportunidade de se integrarem, mantendo a sua identidade cultural, mas abandonando o ódio ao ocidente.
Face a este cenário, os sábios do Islão prevêem que no futuro, a comunidade muçulmana venha pouco a pouco a impor-se em número aos ocidentais nos seus próprios países. São, pois, grandes as probabilidades de constarem dos 59% de europeus, que na sondagem responderam Israel, membros desta grande comunidade islâmica.
Face a isto, coloca-se-nos um dilema. Levantar estas questões de forma séria e sensata e aguentar o chorrilho de insultos habitual – racismo, extremismo, etc. –, ou calar e deixar comodamente as coisas acontecer.
Cá por mim, tenciono continuar a falar. Até para evitar que o verdadeiro racismo e extremismo que se esconde por trás das respostas politicamente correctas dadas aos microfones das rádios e televisões que diariamente são colocados à frente do povo, seja cultivado, alimentado e venha a exteriorizar-se, quando já houver pouco a fazer para remediar.
O racismo, qualquer um, só se combate quando se atacam as suas causas. O respeito pelos outros, só se consegue quando respeitamos o que é nosso. O mundo muçulmano, que prezo e respeito na exacta medida em que (em grande parte, felizmente) respeita e preza o meu, só é concebível enquanto existir um Ocidente ao seu ocidente.

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