11.05.2003

estava escondido a apanhar amêijoas e a polícia estragou-me o barco

Não é minha intenção escrever aqui sobre as não-notícias que algumas televisões constantemente passam. Houve, no entanto, uma reportagem que vi, em que canal não sei (a não ser que não foi na TVI que já dessintonizei), que me obriga a fazer este post.
Estavam uns tipos na apanha ILEGAL da amêijoa quando, perante a aproximação da polícia marítima, desatam a fugir. Na fuga, o seu barco vira-se e eles têm que ser salvos. Ainda encharcados, mas já livres da polícia, são entrevistados para a televisão.
Na entrevista, após nos contarem que, com a fuga, tiveram prejuízos, e quando questionados sobre quem deveria pagar tais prejuízos, os pescadores responderam (não, desta vez não é o governo) os polícias.
Porquê? Porque se não fossem os polícias não tinham tido que fugir e se não tivessem fugido não tinham virado o barco. Ou seja, se não fossem os polícias não tinham virado o barco. Os repórteres, com este silogismo, ficaram-se.
Há muita gente preocupada, e bem, com a falta de educação, de cultura, de capacidade de abstracção para aprender matemática, de civismo, blá, blá, blá.
Com este episódio, há uma nova preocupação. A falta, em alguns seres, do mínimo denominador comum que permite distinguir o homem dos bichos – para além da alma - a responsabilidade.
Digo isto com pena e com todo o respeito pelos pescadores, pelo pessoal da apanha da amêijoa, por estes senhores que apareceram na televisão e, claro, pelo dr. Manuel Monteiro.
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